Avós melhoram a família e a humanidade
26 de julho foi o dia deles, que merecem todas as nossas homenagens
atualizado
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Eu nunca vou me esquecer do dia – ou melhor, dos dias – em que contei para os meus pais que eles seriam avós.
Para ambos, comprei coisas que sinalizavam a chegada de um bebê na família e, na hora da entrega, registrei em vídeo as reações.
Minha mãe, ao reconhecer uma roupinha de neném, deu um grito e teve taquicardia; e eu pensei em chamar o Samu. Meu pai demorou alguns instantes para entender que a fotografia no porta-retrato se tratava de um ultrassom, mas, ao ler “vovô”, emudeceu e começou a chorar – e eu igualmente pensei estar diante de uma emergência médica.
Deve ser mesmo uma das maiores emoções da vida. Em condições normais de temperatura e pressão – não é uma gravidez precoce, por exemplo –, imagino que a notícia de um neto ou neta a caminho seja como receber o ateste de “missão cumprida”. Quando os filhos geram filhos, concretizamos a recomendação divina: “crescei e multiplicai-vos”.
Não para por aí, contudo. Os avós assumem para si a tarefa de co-educadores dos netos, ainda que seja só de vez em quando, a distância, ou aos fins de semana. Eles passam a nos enxergar como iguais. Se solidarizam ao nos perceber tão perdidos quanto eles ficaram quando éramos nós os bebês.
Não esqueço de como minha mãe me olhou aflita, ao ver meu seio empedrado, sem saber o que fazer, relembrando como foi difícil ela lidar com aquela novidade de leite vazando pelo peito. Ou quando meu pai, jeito bonachão, tentou me consolar depois de uma noite com vômitos e diarreia, recordando o talento que eu tinha, bebê de colo, para colocar todos os alimentos para fora.
Do jeito deles, investidos de um novo papel, continuam cuidando da gente. E cuidam também daquela criaturinha nova, a quem amam só com doçura, sem a pressão da rotina, das regras enrijecidas. “Ela é a alegria do meu fim de semana”, confessou uma amiga há alguns dias, com a neta a tiracolo. “Já está no terceiro picolé.” Os avós são meio exagerados mesmo.
E são muito mais, a ciência tem buscado investigar.
Recentemente, pesquisadores descobriram que desenvolvemos um gene capaz de nos proteger do Alzheimer, sinalizando que a espécie humana “quer” ter avôs e avós por perto, sãos, para que possam contribuir para a evolução e a harmonia familiar.
Há também dezenas de estudos ressaltando a importância dos avós para questões como sucesso do aleitamento materno, apoio à família em momentos de dificuldade ou mesmo para assumir a criação de netos com deficiência.
Avós são coisa exclusiva da humanidade – não existe outra espécie de vertebrado que continua a viver depois da idade reprodutiva. Isso deve ter alguma razão, não é mesmo? Que possamos festeja-los, no dia deles e em todos os outros!