As lições de uma mãe de 13 filhos
Segundo Gláucia, todos os filhos têm responsabilidades e precisam colaborar para o funcionamento da casa
atualizado
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Um fogão industrial, três máquinas de lavar roupa, dezenas de rolos de papel higiênico, uma van para transportar todo mundo. Podia ser o QG do Exército, mas é a casa da analista de sistemas Gláucia Córdova Faria de Moura, 47 anos, mãe de nada menos que 13 filhos. Todos biológicos, todos resultados de gestações únicas.
Sim, ela tem TV em casa. “Todo mundo sempre pergunta isso”, conta Gláucia, dona de um bom humor e uma leveza impressionantes (especialmente aos meus olhos, que fico para arrancar os cabelos com apenas dois. Que vergonha!).
Gláucia e o marido se casaram muito jovens – ela aos 16, ele, 21. Católicos, decidiram que iriam seguir a vida conforme orientações da Igreja. Não usaram nenhum método contraceptivo além da tabelinha. A filha mais velha do casal tem 30 anos e o mais novo, 10. Dois anos depois do nascimento do caçula, Gláucia precisou retirar o útero, devido às hemorragias que tinha ao menstruar.
“Cada vez que eu ficava grávida, recebia muitas críticas de que eu era doida, irresponsável. Eu só respondia: primeiro vem pagar as minhas contas, depois você pode falar o quanto quiser”, lembra ela. Dos 13, 10 nasceram em partos normais. São também 10 os que ainda vivem com ela e o marido, o administrador Galeno Faria de Moura, 52 anos, em uma casa no Park Way.
A prole é composta por sete meninas e seis meninos. “Lá em casa, qualquer almoço familiar já junta umas 20 pessoas”, diz, incluindo na soma genros, noras e demais agregados. “Tudo nosso é muito. Fazemos todas as compras no atacado.”
“E como vocês dão conta de tudo?”, eu pergunto. “A gente procura simplificar, se organizar e colocar todo mundo para se envolver nas tarefas”, ela resume. “Existe muito reaproveitamento. Não jogamos nada fora. Também não vamos a fast-food e restaurantes, cozinhamos tudo em casa. Dá trabalho, mas todo mundo ajuda”, detalha Gláucia, que destaca a divisão de tarefas também com o marido. “Sempre contei com o apoio do meu esposo.”
Até o quarto filho, o casal mantinha as crianças em escolas particulares. Depois do quinto, passaram todos para a rede pública de ensino. Já crescidos, a regra é: se passou na universidade pública, ótimo; se não, precisa trabalhar para ajudar com a despesa. “Tenho uma filha cursando psicologia em uma universidade particular, um curso muito caro. Eu ajudo só um pouco, o salário todo dela vai nisso”, explica.
Gláucia diz que também mudou o jeito de encarar a vida doméstica. “Aprendi a não ser tão preocupada. Antes, eu ficava louca de ver a casa bagunçada. Hoje, eu simplesmente fecho a porta do quarto e aviso o dono das consequências.”
A maior dificuldade, conta, é conciliar as atividades e horários de todos. “São muitas escolas e faculdades, cada um tem um compromisso. Como somos religiosos, também participamos de várias coisas da Igreja”, afirma.
Gláucia tem hoje apenas uma diarista, que faz a limpeza mais pesada uma vez por semana. Segundo ela, todos os filhos têm responsabilidades e precisam colaborar para o funcionamento da casa. “As crianças crescem menos egoístas e mais solidárias. Somos muito felizes.”