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Afinal, mãe tem filho favorito?

Embora seja tabu em muitas famílias, a definição de um “predileto” é normal, pois tem a ver com as afinidades

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mãe filha maternidade criança
1 de 1 mãe filha maternidade criança - Foto: iStock

Há alguns anos, durante almoço na casa do meu ex-namorado, ouvi uma conversa que me pareceu, na época, bastante curiosa. A família discutia sobre as “preferências” do pai e da mãe, até que, para encerrar o debate, o pai disse, sem pestanejar: “Mas vocês sabem que Fulana é a minha filha favorita, nunca escondi isso de ninguém”.

Lembrei dessa história há algumas semanas, quando fui acusada, pelo meu marido, de preferir um dos nossos filhos. “É o teu favorito, né? Pode falar”, ele me disse, em tom confidencial. Eu parti para a defesa, dizendo não tinha nada disso, que mãe ama igual, etc. E ele me disse que, na casa dele, cinco irmãos, os preferidos sempre foram escancarados.

Depois lembrei do livro “Dois Irmãos,” do escritor Milton Hatoum, que gira em torno da disputa entre os gêmeos Yaqub e Omar (caçula), este sempre mimado e protegido pela mãe. Alarmada, pensei que jamais quero ter um favorito, sob o risco de ser injusta e responsável pela discórdia entre meus filhos.

Descobri, contudo, que não tem muito remédio para o “favoritismo”. Ou melhor, para o que os especialistas chamam de afinidade. “É comum e esperado que os pais tenham mais afinidade com um dos filhos. Eles diferem muito entre si, é normal que, com um deles, haja mais compreensão, empatia, concordância”, diz a professora Rosa Maria Macedo, da PUC de São Paulo.

Rosa, que é terapeuta familiar, lembra que isso não tem nada a ver com o amor que sentimos pelas crianças. “Os pais ficam sempre muito preocupados com isso e fazem de tudo para demonstrar que o tratamento é igual, aderindo a práticas como a aquisição de presentes de igual valor para todos”, diz.

O mais importante, esclarece a especialista, não é esse tipo de protocolo, mas, sim, garantir que os filhos tenham o que precisam e/ou gostariam. “Justiça não é dar a mesma coisa a todos, mas, sim, atender às necessidades específicas de cada um”, afirma.

Nesse aspecto, é importante que as famílias tenham claras as regras sobre a condução das mais diversas situações, além da disposição para o diálogo. Ao ouvir coisas como “você prefere a minha irmã!”, o caminho é entender o porquê da acusação e explicar as razões que, eventualmente, tenham levado os pais a adotarem posturas diferentes em relação a cada um dos filhos. “É essencial criar um senso de responsabilidade e de julgamento, para que todos se sintam seguros”, recomenda a professora da PUC.

Ainda não sei quem é meu “favorito”, mas me sinto aliviada de saber que isso não será um problema.

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