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Doria usa pandemia para lançar campanha de 2022 contra Bolsonaro

Até a sua eleição, ele era Bolsonaro de carteirinha. Agora, usa embates para se posicionar politicamente

atualizado

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Marcos Corrêa/PR
23/04/2019 Audiência com Ministro das Relações Exteriores, Mi
1 de 1 23/04/2019 Audiência com Ministro das Relações Exteriores, Mi - Foto: Marcos Corrêa/PR

O conflito entre o presidente da República e o governador de São Paulo, João Doria, pode ser tudo – menos uma discussão honesta sobre saúde pública e a necessidade de combater os males do coronavírus. Tem, isso sim, tudo a ver com política.

Doria, que até o momento da sua eleição em 2018 era um dos mais extremados defensores de Bolsonaro e de cada uma das posições públicas que ele tomou durante a sua a própria campanha para a Presidência, virou completamente a casaca depois que entrou no Palácio dos Bandeirantes. Passou a ver a si próprio como o nome mais forte para suceder o presidente em 2022 – uma espécie de “Lula sem a cara de Lula”, mesmo porque acha que Lula já está morto, enterrado e não vai concorrer a coisa nenhuma.

Desde então, elegeu Bolsonaro como o seu inimigo número 1 e só usa o seu tempo para tentar provar ao público que o Brasil está sendo dirigido por um monstro – e que ele, Doria, é o único homem no mundo que pode nos salvar.

A chamada “grande mídia”, que pode estar à beira da falência, mas ainda aceita ser chamada de “grande”, correu, naturalmente, em apoio de Doria – se é contra Bolsonaro, então passa a ser automaticamente um grande brasileiro e pode contar conosco em tudo. Deu-se, assim, esse fenômeno realmente curioso: Doria, que até outro dia era considerado pelos jornalistas como um dos seres mais ignóbeis do mundo, passou a ser considerado o grande herói da “resistência democrática” contra a “direita”, o “fascismo” e o seu presidente.

No momento, o governador faz uso do coronavírus para reforçar a sua causa – acha que a maioria da população, certa ou errada, está com medo de morrer de gripe, e acha que o mais lucrativo, politicamente, é pregar os extremos mais radicais de isolamento, confinamento, quarentena, proibição de tudo o que for possível proibir.

O grande lucro futuro de tudo isso está na destruição da economia, da produção e dos empregos que possa fazer, ou ajudar outros a fazerem. Uma situação econômica ruim é a arma mais importante que os adversários podem ter contra o presidente – e não há dúvida que, mais à frente, toda a culpa pelo desemprego e pela crise econômica provocada com o combate ao vírus será depositada na porta de Bolsonaro.

O presidente acaba de chamar Doria de “demagogo”. O governador também vai subir de tom. O público aguarda.

* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.

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