Tentativa de jogar para contribuinte “taxação do calor” fracassou
Desta vez, pelo menos, os presidentes da Câmara e do Senado se juntaram ao Executivo para evitar a criação de um imposto sobre o sol
atualizado
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De vez em quando dá gosto, só para variar um pouco, ver algum inimigo da população brasileira perder uma. Eles estão sempre ganhando, praticamente todos os dias, nos três diferentes Poderes da República — será que não dá, uma vez ou outra, para acontecer o contrário?
Dá, e aconteceu. Mais: aconteceu com a participação não só do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), como também a do presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP), ao mesmo tempo, o que parece perfeitamente impossível em condições normais de temperatura e pressão.
Esses dois e as suas turminhas só ficam do lado do bem a cada passagem do cometa Halley, ou algo assim — mas desta vez, pelo menos desta vez, se juntaram ao Executivo para evitar que fosse criado no Brasil um imposto sobre o sol.
É isso mesmo que você leu: estavam tramando socar em cima do contribuinte a taxação do calor, disfarçada sob o nome de “energia solar”, numa tentativa bem meia-boca de amaciar um pouco o ridículo da coisa toda.
Num país em que o presidente da mais alta Corte de Justiça, Antônio Dias Toffoli, se sujeita a trabalhar como auxiliar de despachante de escritório de licenciamento de veículos, nossa modesta vitória contra o imposto do vento é uma espécie de oásis.
Toffoli, como se sabe, salvou por duas vezes seguidas os donos do DPVAT, o “seguro obrigatório” que todo brasileiro tem de pagar para a nebulosa que controla mais essa trapaça oficial — mesmo que o seu veículo seja uma pobre moto de entregar pizza.
Não é seguro nenhum, como todo mundo sabe. É apenas extorsão legal. Mas nessa aí o mal levou, fácil — com o STF a seu serviço, seria mesmo muito difícil perder. Azar da gangue do sol, que quis se safar via Congresso. Não deu. Vão ter de esperar uma próxima chance.
* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.