Reformas são saída para vida melhor, menos para quem está no alto
Naturalmente, é preciso fazer o serviço direito. Ninguém está propondo reformas de “qualquer jeito”
atualizado
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O Brasil tem uma prioridade só no momento — tirando, naturalmente, o combate ao coronavírus, que não deixa espaço para escolhas. Na verdade, não é bem uma prioridade. É uma obrigação. Com eleição ou sem eleição, com “calendário” apertado ou não, com a imensa complexidade técnica de se transformar quase toda a máquina de governo de um país, não há jeito: tem de fazer as reformas essenciais que estão na mesa para aprovação. Ou é isso ou é crescimento de 1% ao ano pelo resto da vida.
Para quem está na parte alta da pirâmide do bem-estar, da renda e do patrimônio, não é preciso mudar nada, é claro — se eles vivem tão bem do jeito que estamos, por que mudar? Deixa assim. Na verdade, é aí, e em nenhum outro lugar, que se comanda a verdadeira guerra contra as reformas. Quem está em cima, no caso, não são necessariamente os mais ricos — muitos deles, por sinal, apoiam com entusiasmo as reformas. O problema são os que não querem mexer, porque não querem deixar o conforto, as garantias e o estilo de vida.
Para todo o resto do Brasil, porém, as reformas são a única porta de saída para uma vida melhor — ou, se não der tempo para eles, para os seus filhos. Naturalmente, é preciso fazer o serviço direito. Ninguém está propondo reformas de “qualquer jeito”, pois não adianta mudar para ficar igual ou pior. Mas a urgência desse trabalho supera tudo o que há para ser feito no Brasil de hoje.
* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.