Quando não deixa prender, ninguém fala da juíza
Gabriela Hardt negou a prisão do filho de Lula, conhecido como Lulinha. Ele é suspeito de ter recebido recursos milionários da Oi
atualizado
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Você lembra da juíza Gabriela Hardt, da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba? O ex-presidente Lula, vendo que tinha diante de si uma moça simples, sem conexão com os grandes poderes do eixo Brasília-São Paulo-Rio de Janeiro, originária do Paraná – enfim, uma típica “juizinha do interior” – quis crescer para cima dela ao ser interrogado no seu segundo processo por corrupção, o do sítio de Atibaia.
Levou, na hora, um chega prá lá que o fez perder o rumo de casa. “Ou o senhor muda de tom comigo”, disse Gabriela, “ou isso aqui vai acabar mal”. Como sempre acontece quando quer intimidar alguma pessoa modesta e vê que essa pessoa não tem medo dele, Lula abaixou o facho: ficou mudo pelo resto da audiência. Como se sabe, acabaria mais tarde sendo condenado a 17 anos de cadeia – sentença da qual recorre no momento em liberdade.
Pois bem: essa mesma juíza que Lula quis calar e não conseguiu acaba de negar a prisão de seu filho Lulinha. O pedido foi apresentado pelo Ministério Público por conta das ressuscitadas transações comerciais nas quais ele recebeu, sem justificativa compreensível até o momento, R$ 132 milhões da Oi/Telemar (ou Andrade Gutierrez, como quiserem).
Gabriela Hardt autorizou buscas e apreensões, mas achou que não era preciso prender o rapaz – pelo menos por enquanto. Onde está, então, “a perseguição judicial” de que tanto falam Lula, seus advogados e a esquerda nacional? Ninguém disse uma sílaba a respeito.
Ou seja: na hora em que condena, a juíza persegue, comanda um “processo político”, faz “lawfare” e mais um monte de horrores. Na hora em que não permite a prisão de Lulinha, está apenas cumprindo sua obrigação. Para Lula, só existem duas possibilidades: ou a Justiça decide a favor dele, ou não há justiça.
* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.