Prioridades do Brasil não incluem rixa entre Bolsonaro e imprensa
Jornalistas que digam o que quiserem, dentro das condições que a lei estabelece, e o público os julga. Presidente não pode se meter nisso
atualizado
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Não existe nenhuma “guerra aberta” entre o presidente da República e a imprensa brasileira, com possíveis e sombrios impactos no sistema democrático, nas instituições e na liberdade de expressão.
Há, isto sim, uma reincidência, por parte do presidente da República, em brigar pessoal e nominalmente com jornalistas individuais.
Desta última vez, houve utilização de vocabulário pesado, exacerbação de hostilidades e formação de facções pró e contra, no debate político e nas redes sociais.
Sem cabimento
São coisas diferentes. A primeira seria um problema real para o estado de direito. A segunda é uma sucessão de brigas pessoais absurdas – nas quais não tem nenhum cabimento a participação de um chefe de Estado.
É de se imaginar que nenhum abalo verdadeiro às instituições resulte dessas cenas explicitas de rixa. Não dá para imaginar, realmente, que os cidadãos brasileiros passem os próximos três anos vendo os meios de comunicação levarem a público, um dia sim e outro também, que o presidente Bolsonaro está batendo boca com os jornalistas A, B, C e por aí afora, até o Z.
Isso tem de acabar. O país tem outras prioridades; o presidente tem de cuidar delas.
Público julga
Os jornalistas que digam o que quiserem, dentro das condições que a lei estabelece. Quem tem de julgá-los – e vai julgá-los, sem nenhuma dúvida – é o público – e apenas ele. O chefe da nação não pode se meter nisso.
* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.