Política embala quem quer arrastar isolamento e arruinar produção
Está ficando cada vez mais claro que tentativa de lucro político impulsiona defensores do confinamento total e absoluto no país
atualizado
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Está ficando cada vez mais simples dividir quem é a favor e quem é contra o “confinamento” total, absoluto e por tempo indeterminado para combater a epidemia do coronavírus. Estamos falando, aqui, da população em geral; entre os políticos é perfeitamente sabido, há muito tempo, que governadores com sonhos de ser verem eleitos como presidente da República em 2022 são furiosamente a favor, como o governador de São Paulo, João Doria: apostam que a maioria da população, estonteada por imagens da Itália, “relatos científicos” duvidosos e uma maciça campanha de terror da mídia estão com medo de morrer e ficarão, fervorosamente, a favor do confinamento.
Outros políticos que não têm chance de nada, mas cheiraram impopularidade e fraqueza no governo federal, que prega a volta ao trabalho, resolveram virar casaca – como é o caso de Ronaldo Caiado, de Goiás. O resto da politicagem de oposição, enfim, quer – como os citados acima – que a economia brasileira seja destruída ao máximo, porque sabem que ninguém tem chance eleitoral nenhuma em 2022 com o país funcionando mais ou menos direito.
Esses aí, com o auxílio das alas militantes do aparelho judiciário, fazem tudo o que podem para provocar a desordem. O governador Doria arrumou um decreto mandando que todas as mortes por pneumonia, por exemplo, passem a ser declaradas como de “causa desconhecida” ou “suspeitas” de terem sido ocasionadas pelo coronavírus. Isso vai permitir todo tipo de manipulação nas listas que relacionam os mortos pela epidemia – podem aumentar, agora, para os números que o governo quiser. Outros proíbem carreatas, o que é uma grosseira agressão ao direito de ir e vir.
Há, ultimamente, governos e prefeituras (em São Paulo, de novo) que invadem fábricas e sequestram máscaras de proteção. Enfim: vão fazer tudo o que puderem para prolongar o isolamento e arruinar a produção, na esperança de tirarem lucro político pessoal disso. Vão lucrar mesmo? O futuro dirá, mas no momento eles acham que vão.
E a população? Parece claro, a cada dia que passa, que ela está mais dividida. De um modo geral, estão a favor do confinamento a maior parte dos 12 milhões de funcionários públicos e dos aposentados, sobretudo os que têm renda suficiente para não precisar complementá-la com nenhuma atividade remunerada. Somam-se a eles alguns outros milhões de integrantes da classe média que não dependem de emprego fixo ou trabalho diário para sobreviver, que recebem aluguéis ou outras rendas ou que, de alguma forma, dispõem de reservas.
Muitos profissionais liberais, investidores, prestadores de serviços que podem diferir a sua renda, comerciantes que têm fôlego para perder faturamento também fazem parte deste contingente. Em resumo: quem não precisa ter dinheiro no bolso amanhã, para sustentar a si e a suas famílias, tende a apoiar o confinamento; acham mais seguro, e não correm o risco de ter dificuldades financeiras sérias ou imediatas.
O problema são os brasileiros que precisam trabalhar para viver, e precisam fazer isso todos os dias. São os que estão perdendo seus empregos, aos milhares a cada dia, e não têm onde achar outros. São os que estão tendo de mandar gente embora e fechar os seus negócios, sobretudo os pequenos empreendedores. São os empresários da área de serviços que estão perdendo contratos e clientes todos os dias. São os investidores que arriscaram suas economias numa atividade produtiva qualquer, e que se encontram subitamente às portas da falência. São os que não podem “realocar” as suas carteiras de ações na bolsa, porque não têm carteira nenhuma.
Toda essa gente, para governadores como Doria, Caiado, Flávio Dino e tantos outros, fora a ministrada do judiciário e o grosso da politicalha, é invisível – enquanto os que dão as ordens estiverem de bucho cheio, cercados por seus exércitos de seguranças e viajando na proteção dos seus jatinhos, os outros que se explodam. A culpa, de qualquer forma, vai ser jogada por eles, com a plena colaboração da mídia, sobre o governo federal, que “não está sabendo” criar empregos, “ativar a economia”, “reagir à crise”, etc. É o que temos.
* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.