Mesmo sendo “cidadão parisiense”, Lula não provou que é inocente
Lula não explicou ao seu auditório parisiense porque conseguiria provar, só pelo fato de ir para a prisão, que Moro “é um mentiroso”
atualizado
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O ex-presidente Lula, em sua atual viagem pela Europa, acaba de nos informar que devemos a ele mais um favor. No discurso que fez ao receber o título de “cidadão honorário de Paris”, presenteado pelo condomínio esquerdista que controla a capital francesa, afirmou que só foi preso, e passou mais de um ano no xadrez, porque quis.
O cidadão comum acha que ele puxou esse tempo todo de cadeia pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, conforme a justiça brasileira decidiu em três instâncias e por sentenças dadas por nove juízes diferentes. Mas não. Segundo acaba de revelar, o ex- presidente ofereceu um presente moral ao povo brasileiro: só aceitou ser preso para provar que era inocente e, com isso, fazer ao Brasil uma dádiva da sua própria dignidade.
Como assim? Os fatos mostram que ele e seu vasto aparato de apoio fizeram o diabo, incluindo despesas milionárias no processo, justamente para escapar da punição. Ficamos sabendo agora a última versão do caso. Lula revelou, para a sua plateia de Paris, que podia “ter fugido” do Brasil.
Podia ter ido, segundo disse, para “uma embaixada”, pedido “asilo político” e estar até hoje andando livre pelo mundo. Mas achou que tinha o dever de provar ao povo brasileiro toda a extensão da sua honestidade – e mostrar que só teve os seus problemas por causa de um indivíduo, o juiz Sergio Moro, que decidiu fazer uma perseguição cruel contra ele.
Lula não explicou ao seu auditório parisiense (e ninguém ali lhe perguntou) porque conseguiria provar, só pelo fato de ir para a prisão, que Moro “é um mentiroso”, e que tinha obsessão em “desmascarar ele”, como disse em seu discurso.
Também não esclareceu que a tal “embaixada” para a qual poderia fugir teria de ser muito bem escolhida. Precisaria de ser de alguma ditadura amiga, porque se fugisse para um país onde as leis são respeitadas seria preso pela Interpol – e logo devolvido às autoridades judiciárias brasileiras como um fugitivo da polícia condenado legalmente em seu país.
Em todo caso, temos aqui uma colossal perda de tempo. Com todos esses esforços, Lula até agora não provou coisa nenhuma contra Moro ou contra qualquer dos magistrados que participaram da sua condenação. Tem ainda uma penca de processos pela frente – e para receber título de cidadão precisa ir para bem longe do Brasil.
* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.