Juízes-marajás: Brasil não tem dinheiro para sustentar essa casta
Estado brasileiro fez você gastar mais de 560 milhões de reais em 2019 com os salários dos juízes dos cinco TRFs em funcionamento no país
atualizado
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Os repórteres Thayná Schuquel e Ricardo Taffner, do portal Metrópoles, acabam de colocar à disposição do público uma impecável demonstração prática de como e porque este país não vai para a frente.
Eles revelam, numa reportagem recém-publicada, que o Estado brasileiro fez você gastar mais de 560 milhões de reais em 2019 com os salários dos juízes dos cinco Tribunais Regionais Federais hoje em funcionamento no Brasil.
Tudo isso? E só para pagar esse pedacinho da máquina monstruosa em que se transformou a Justiça Federal brasileira, com seus palácios de país milionário e multidões na folha de pagamento? Sim, tudo isso.
Sede em Recife
Por alguma razão, esse TRF-5, que tem sede em Recife e jurisdição sobre a maioria dos estados do Nordeste, paga mais que todos os outros TRFs – nos quais, por sinal, já não se ganha pouco. Dos 15 maiores salários pagos hoje nesses tribunais, o TRF-5 tem dez.
Na lista inteira, o décimo maior ganho em 2019 foi superior a 500.000 reais. É o salário de um alto executivo de empresa que dá muito lucro – e não de funcionário de um país falido como o Brasil.
Mais: o tal executivo tem de apresentar resultados muito bons para manter o emprego, enquanto os sultões da Justiça Federal não podem sequer ser cobrados pela qualidade do seu trabalho – e muito menos serem demitidos.
Se isso tudo não é privilégio, o que seria, então? Depois reclamam quando o povo vai para a rua indignar-se com essa apropriação dos recursos do país por parte do Congresso, do alto Judiciário e de mais uns poucos. A população pode não estar com raiva dos juízes do TRF-5, diretamente, mesmo porque nem sabe da sua existência. Mas tem cada vez mais raiva, sim, do que eles fazem.
Argumentos
O argumento dos juízes-marajás para justificar esse disparate é o mesmo de sempre: os 600.000 que ganham por ano não são salários, e sim um conjunto que engloba benefícios, “direitos adquiridos”, verbas disso e daquilo.
Não superam, assim, o teto máximo legal, que é a remuneração dos ministros do STF.
Quem pode levar a sério uma desculpa como essa? Claro que sua remuneração é legal. Um juiz não vai inventar coisa ilegal, não é mesmo? Faz melhor que isso: transforma o ilegal em legal e fica tudo bem.
Do bolso do motoboy
Os absurdos salariais do TRF-5 são concentração de renda direto na veia. É simples: o Estado tira imposto do bolso do motoboy a cada vez que ele põe um litrinho de combustível na moto para ganhar sua vida – e a de sua família – e dá esse dinheiro para a magnata dos 670 mil por ano.
Quem está concentrando renda, aí? O “sistema capitalista”? O Brasil simplesmente não tem dinheiro para sustentar essa casta. Não conseguirá, nunca, progredir, nem diminuir realmente a pobreza.
Não há, desse jeito, como crescer mais que 1,5% ao ano.
* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.