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Democracia em Vertigem não documenta os fatos da vida real

Filme da diretora brasileira Petra Costa foi anunciado como concorrente ao Oscar 2020 de Melhor Documentário

atualizado

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Netflix/Divulgação
democracia em vertigem petra costa
1 de 1 democracia em vertigem petra costa - Foto: Netflix/Divulgação

O filme Democracia em Vertigem, da brasileira Petra Costa, que acaba de ser anunciado como concorrente ao Oscar de Melhor Documentário de 2020, tem um problema: não é um documentário. As cenas filmadas reproduzem fatos reais, e a narração descreve acontecimentos que realmente ocorreram, com personagens que realmente existem. Em suma: não é uma obra de ficção, saída da imaginação da diretora e de seus roteiristas.

Mas é isso, e só isso, que tem em comum com um documentário de verdade. O filme candidato ao principal prêmio de Hollywood não documenta os fatos como eles aconteceram na vida real, e sim como são vistos pelos mandamentos ideológicos que a sua diretora se propõe a seguir. O resultado é um filme de propaganda política — mais um, entre tantos que são produzidos e financiados por grupos de interesse, partidos e governos por este mundo afora.

Democracia em Vertigem reproduz, basicamente, cenas da política brasileira e propõe ao público uma opinião, ou um ponto de vista: a ex-presidente Dilma Rousseff foi derrubada por um golpe de Estado, e não por um processo legal de impeachment. Não chega a ser sequer uma teoria, ou seja, uma série de proposições que podem ser demonstradas adiante por fatos. É apenas a interpretação que o PT, a esquerda e a própria Dilma, naturalmente, fazem do impeachment — o procedimento que, obedecendo à lei brasileira em seus mínimos detalhes, determinou a deposição da presidente por fraude fiscal.

Falarão isso pelo resto da vida, sem dar um segundo de atenção aos fatos como eles realmente ocorreram. O filme tem recebido aplausos das classes intelectuais americanas, hoje envolvidas, curiosamente, num esforço supremo para conseguir o impeachment do presidente Donald Trump. É a visão clássica do “civilizado” em relação ao subdesenvolvido: nós podemos fazer coisas que vocês não podem.

Quanto às ameaças que a cineasta vê para a democracia no Brasil, diante do que considera o avanço de “uma epidemia de extrema direita”, fica faltando, mais uma vez, a presença de realidades. Quais seriam, objetivamente, os atos contra a democracia que estariam sendo praticados aqui e agora? O documentário não oferece documentos a respeito.

* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.

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