Bolsonaro se rebaixa em brigas que não tem direito de entrar
Seria uma beleza para a maior paz política do Brasil se o presidente decidisse não brigar com ninguém até o fim do seu mandato
atualizado
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O presidente da República, a política brasileira e o país como um todo só teriam a ganhar, obviamente, se Jair Bolsonaro fizesse uma dessas promessas que as pessoas vivem fazendo para obter alguma graça ou para agradecer uma ajuda recebida – ficar um ano, ou mais, sem comer doce, por exemplo, ou sem comer carne, ou sem fazer uma coisa qualquer.
No caso de Bolsonaro, a promessa seria a seguinte: não vou mais abrir a boca para brigar com ninguém, mas com ninguém mesmo, até o fim do meu mandato. Depois, se ainda tiver vontade, ele desconta; mas até lá fecha a boca. Seria uma beleza para a maior paz política do Brasil.
Nessa última confusão que foi arranjar, sobretudo para si próprio, o presidente se rebaixou a ficar brigando por miudezas nas quais não tem o direito de tocar. Não tem esse direito por causa da posição em que foi colocado pelos eleitores brasileiros – se não gosta disso ou daquilo, se fica revoltado com ações feitas contra ele, que encarregue alguém da sua imensa máquina para falar em seu nome.
O que não dá é para ficar brigando com governadores, jornalistas e sabe lá mais quem por causa de crimes no interior da Bahia, reportagens de jornal esquecidas e CPIs que não vão dar em nada.
Os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, em suas últimas intervenções nessa história, houveram por bem baixar o som dos microfones. Fizeram muito bem. Lamentaram o ocorrido, claro, garantiram apoio à liberdade de imprensa, etc., mas preferiram dar ênfase à esperança de que essas coisas possam não ocorrer mais no futuro. Se o presidente da República não consegue ajudar a si próprio, é bom que alguém faça isso por ele.
* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.