Basta dizer algo ruim do governo para ser politicamente correto
O mais recente “relatório” desse tipo lançado na praça diz que a universidade brasileira estaria sob ameaça
atualizado
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Eis aqui mais um caso clássico dos métodos utilizados hoje em dia para se construir uma mentira. Pegue uma organização qualquer que declare como sua atividade o acompanhamento do que pode estar acontecendo numa área qualquer da atividade humana.
Ponha a sede dessa organização num país do primeiro mundo. Coloque na sua direção, ou no seu conselho consultivo, alguém ligado a alguma universidade — não precisa nem ser uma universidade de primeira linha, basta seja do exterior. Diga que você produziu um “estudo” sobre o assunto em relação ao qual pretende mentir (pode também chamar isso de “pesquisa”, “relatório”, “apuração”, “levantamento” ou qualquer outra palavra da mesma família). Não comprove nada — apenas escreva num pedaço de papel que constatou isso ou aquilo. Chame a imprensa. Diga que o seu “estudo” etc. “revelou” a história politicamente correta que você quer contar para o público.
Pronto: pode correr para o abraço. O que está dito no “estudo”, mesmo que seja a descoberta do triângulo de quatro lados, vira ciência pura. O Brasil tem sido um dos terrenos mais férteis do mundo para a aplicação desse método. É natural: basta dizer alguma coisa negativa a respeito do “governo Bolsonaro” — seja lá qual for – e receberá uma certidão automática de que se trata de algo politicamente correto.
O mais recente “relatório” desse tipo lançado na praça afirma que a universidade brasileira estaria sob ameaça. Quem sustenta isso é uma Scholars at Risk, ou Professores em Risco, aparentemente de origem americana e dedicada, segundo diz, a acompanhar a situação de segurança das universidades do mundo.
De acordo a organização, a universidade brasileira estaria ameaçada por “declarações depreciativas” sobre o ensino superior feitas ultimamente por “autoridades ligadas ao presidente Jair Bolsonaro”.
Uma diretora do grupo afirma, inclusive, que tem recebido pedidos de proteção por parte de professores universitários brasileiros que estão com medo de serem “presos ou mortos” pelo governo. Essa diretora diz que está “profundamente preocupada” com a situação.
É o seu direito, claro. Mas preocupada mesmo ela estaria se fosse uma contribuinte brasileira, sobretudo uma contribuinte pobre, e tivesse de pagar pelo monstro do desperdício, baixíssima qualidade acadêmica, ignorância e subordinação à propaganda política em que foi transformada a maior parte do ensino superior no Brasil.
* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.