metropoles.com

As “pesquisas de popularidade” sobre Bolsonaro não dizem nada

Não há meio, simplesmente, de descobrir o que existe dentro desses levantamentos

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Rafaela Felicciano/Metrópoles
Bolsonaro na cerimonia do dia do aviador
1 de 1 Bolsonaro na cerimonia do dia do aviador - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Muita gente séria, preocupada em encontrar um meio capaz de ajudá-las a descobrir o que há de verdade nas “pesquisas de popularidade”, está de novo diante do seu dilema habitual: isso aí que apareceu nos últimos levantamentos sobre a aprovação do presidente da República tem alguma coisa a ver com a realidade? E se tiver: quanto dá para acreditar na exatidão do que dizem?

Os resultados da mais recente “pesquisa de opinião” de um dos institutos que operam hoje na praça — tanto faz qual é ele, já que todos repetem sempre as mesmas coisas — dizem que a popularidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está indo para o fundo do poço.

Muito bem: o que pode significar, de verdade, um negócio desses? Significa o seguinte: continue tocando a sua vida e espere o que a vida real vai lhe trazer. Não há meio, simplesmente, de descobrir o que existe dentro dessas pesquisas — como não se sabe, no fundo, o que existe dentro das salsichas e outras coisas que você recebe prontas.

Sempre é possível, claro, olhar para o “retrospecto”, como se fazia no turfe, e ver o que aconteceu com as previsões do passado mais recente. Os institutos que fazem “pesquisas de opinião pública”, como é possível verificar pelo registro do que deram à publicação, garantiram ao longo de 2018, ano de eleição, que a popularidade de Bolsonaro era em geral uma lástima. Chegaram a garantir, inclusive, com a certeza de quem anuncia uma regra de três, que ele iria perder “de qualquer outro candidato” no segundo turno das eleições.

Olhem que não é pouca coisa: para garantir que alguém vai perder “de qualquer outro candidato” — “qualquer outro”, nada menos que isso — é preciso ter uma certeza de aiatolá muçulmano quanto às virtudes de Maomé. Deu o que sabemos: o contrário absoluto.

É ilustrativo, ao mesmo tempo, ver que a popularidade de Lula está sempre altíssima, não importa o que esteja acontecendo com ele na vida real. Nesse mesmo 2018, por exemplo, foi dado durante o tempo todo como o ganhador da eleição, embora estivesse trancado num xadrez de Curitiba. Quando, enfim, os institutos admitiram que Lula não iria mais concorrer, porque seu partido já tinha um candidato oficial, a toada passou a ser sobre a sua “influência” na campanha.

Deu, igualmente, o que sabemos, mas não é por isso que as pesquisas de popularidade se abalaram — o fato de o candidato de Lula ter ficado em segundo lugar, analisaram os seus cérebros, provava o quanto o homem era popular. É a primeira vez, possivelmente, que uma derrota eleitoral foi apresentada como prova de vitória.

Conclusão: não há conclusão. O que parece possível verificar, pelo cheiro da brilhantina, é que os autores das pesquisas não gostam de Bolsonaro e gostam de Lula. Melhor ir parando por aqui.

* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?