Aras parece ter compulsão para insultar quem lhe paga o salário
O PGR declarou que é um crime hediondo a ideia de que procuradores deixem de ter 60 dias de férias por ano, pois o trabalho é “exaustivo”
atualizado
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Deve haver um sapo com a boca amarrada ou algum outro despacho feio enterrado num lugar qualquer da sala onde reinam os procuradores-gerais da República neste país. Até algum tempo atrás, ninguém sabia quem era a figura. Hoje o cargo de “PGR”, como se diz, é uma fábrica que parece trabalhar três turnos diários na produção de coisas desenhadas para prejudicar o Brasil, os brasileiros e a decência comum.
Ainda outro dia, um dos mais esquisitos deles todos, aquele que queria derrubar o então presidente Michel Temer com flechadas, confessou que, em certo momento, em pleno exercício do seu cargo, enfiou um revólver na cinta e entrou no prédio do STF para dar “um tiro na cara” do ministro Gilmar Mendes; em seguida, iria se suicidar. Na hora, é claro, afrouxou – e acabou não fazendo nem uma coisa, nem outra.
Fomos presenteados, agora, com esse Augusto Aras, que parece afetado pela mesma mandinga – no seu caso, uma compulsão para insultar quem lhe paga o salário. Aras, para resumir a ópera, declarou que é um crime hediondo a ideia, a mera ideia, de que os procuradores da República deixem de ter 60 dias de férias por ano – e que passem a ter 30, como todos os demais brasileiros. Seu argumento para isso é uma piada: o trabalho dos procuradores, diz ele, é “exaustivo” e, por isso, exige pelo menos o dobro das férias devidas aos seres humanos comuns. Pior ainda, ameaçou o Congresso de “represálias” se for levado adiante algum projeto de lei que acabe com essa aberração.
O homem está doente? É a impressão que dá, com essa história de trabalho “exaustivo”. Quantos milhões de brasileiros, então, precisariam de 60, 90 ou 120 dias de férias anuais, por trabalharem como burros de carga a vida inteira, muito mais que qualquer procurador? O PGR, para entender um mínimo do que está falando, bem que poderia experimentar um trabalho de verdade, como guiar um ônibus de passageiros durante 10 horas seguidas no trânsito de São Paulo ou do Rio de Janeiro. Iria ver, aí, se ficaria mais ou menos cansado do que fica hoje.
* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.