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Agora querem dizer que Bolsonaro é o culpado pelo coronavírus

Nem os laboratórios mais avançados dos países mais avançados do mundo tem a solução. E querem culpar o presidente

atualizado

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Jair Bolsonaro
1 de 1 Jair Bolsonaro - Foto: Igo Estrela/Metropoles

Enquanto os melhores laboratórios científicos das potências mais avançadas do mundo trabalham, dia e noite, em pesquisas para entender melhor o coronavírus, desenvolver defesas contra ele, encontrar uma vacina para a sua prevenção, e os medicamentos para a sua cura, o Brasil descobriu quem é, exatamente, o culpado direto pela epidemia: o presidente Jair Bolsonaro.

Problema resolvido, então: tirem Bolsonaro e o coronavírus desaparece, antes de que os 25 mortos até agora se transformem em milhares ou milhões. Infelizmente, a comunidade científica internacional ainda não deu sinais de que está convencida disso, nem os governos mais poderosos do planeta – na verdade, é pouquíssimo provável que alguém tenha ouvido falar disso fora do mundo político, da mídia e das classes civilizadas do Brasil. Resultado: alguém, obviamente, deveria estar fazendo “alguma coisa” para resolver essa situação, mas ninguém “vai fazer nada”.

Pessoas com um mínimo de raciocínio lógico, naturalmente, fariam a pergunta clássica que se faz em questões deste tipo: mas por quê? Até agora, é certo, não foi possível a ninguém dizer o que, exatamente, Bolsonaro está ganhando ao espalhar o coronavírus pelo Brasil. Mas a escola de pensamento que atribui a culpa de tudo a ele acredita que não é preciso, no caso, apresentar um motivo para o delito – afinal, os anais da justiça estão repletos de exemplos onde crimes horrendos foram praticados sem nenhuma razão lógica. Sabe-se quem é o criminoso. Mas não se sabe por que, e nem é preciso que se saiba, para haver uma condenação.

O fato, segundo o entendimento de que Bolsonaro é o culpado, é que ele é algum tipo de débil mental – pode até disfarçar, mas no fundo é louco de pedra, e doido faz mesmo essas coisas. Há, ao lado isso, alguns componentes mais racionais. Como as autoridades em geral – muitas delas em estado de pânico e certas de que todas as medidas mais radicais contra o vírus vão render cartaz junto a população – se entregaram à histeria lucrativa, em vez da reflexão, o presidente achou, por despeito, que tinha de fazer o contrário.

Atribuem a ele, também, a inspiração na alquimia digital (essas “redes sociais” de que se fala sem parar) para ganhar popularidade no papel do homem que tem a coragem de ir enfrentar o vírus no meio do povo, e não escondido embaixo da cama. É acusado de estar com inveja dos seus ministros.

Todo mundo acha, ao mesmo tempo, que Bolsonaro tem sido uma influência decisiva para espalhar o vírus a cada vez que se dirige ao público e diz alguma das seguintes coisas: o Brasil não pode ceder à histeria; é preciso combater a doença com seriedade, mas sem exagero; a economia do país não podem ser destruída no esforço para destruir o coronavírus; milhões de pessoas podem perder os seus empregos (muitas, aliás, estão perdendo, a cada hora que passa), porque prefeitos, médicos, empresários, jornalistas, etc. se entregam a xiliques nervosos.

Impeachment, então. Sé até um Zé Ruela com CPF de quinta categoria, na Câmara dos Deputados, é capaz de pedir o impeachment, o que custa às forças vivas da nação seguirem o seu exemplo?

* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.

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