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Subserviência aos EUA nos levará a guerras injustas e de agressão

Na prática, temos a desconstrução da política externa de Lula e do Itamaraty e a redução do Brasil a um país satélite e dependente

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homenagem suleimani
1 de 1 homenagem suleimani - Foto: Morteza Nikoubazl/NurPhoto via Getty Images

Quem diria, o imperialismo norte-americano – aquele sobre o qual queriam nos convencer que era coisa do passado – existe e nunca esteve tão atuante. A república democrática sonhada pelos fundadores dos Estados Unidos se transformou num Império, com todas as suas características, à semelhança do Império Romano, o último mais poderoso.

Suas leis têm alcance extraterritorial e qualquer nação ou cidadão do mundo está submetido à sua jurisdição. O dólar é a moeda-referência e o Banco Central estadunidense, o FED, na prática, decide as políticas monetárias, fiscais e cambiais da maioria dos países.

Suas Forças Armadas, seu poder militar e nuclear, de guerra eletrônica e cibernética, ameaçam todo o planeta.

Poder de vida e morte
Com embargos e sanções econômicas – na verdade, bloqueios criminosos como os realizados contra Cuba e Venezuela, ou Irã –, os Estados Unidos decretam a vida e a morte de nações e povos, com a tétrica combinação de zero comida, medicamentos e energia.

Se seus tribunais, corporações, governos títeres ou satélites aliados — na verdade quintas colunas, traidores da pátria — não alcançam seus objetivos, simplesmente invadem e ocupam países e povos para assegurar suas fontes de suprimentos de matérias-primas (petróleo em primeiro lugar), seus mercados, lucros e suas leis internacionais.

Quando é de seu interesse nacional, usam as Nações Unidas e os foros internacionais. Se seus interesses não são atendidos, não obedecem recomendações e acordos internacionais, ou deixam de subscrevê-los, seja em que área for: comercial, clima, jurídica. Para eles, acordos e tratados são papéis para serem rasgados.

Guerras de agressão são uma constante na história do império estadunidense. Nestes últimos anos, vimos a ocupação do Afeganistão, do Iraque e da Líbia. E a Síria só não foi ocupada pela oposição da Rússia e do Irã.

Para os Estados Unidos fazerem prevalecer seus interesses, vale tudo. A começar por mentiras como a do arsenal de armas químicas de Saddam Hussein. Os factoides criados para justificar a intervenção são seguidos por uma escalada de provocações, sanções econômicas e tentativas de isolamento internacional que precedem a derrubada do governo que não se submete, ou pura e simplesmente uma ocupação militar travestida de luta contra o terrorismo ou a defesa da democracia.

Cinismo
A propaganda estadunidense tenta, de forma enganosa, criar uma capa de “legalidade” para seus atos, capa esta que se desmancha a qualquer escrutínio, pois o governo dos EUA se aliou a ditaduras sangrentas em todo o mundo, como recentemente no Omã, para ficar em um exemplo, sem falar da teocrática Arábia Saudita, seu aliado de sempre. Cínicos, os Estados Unidos usam facções terroristas que armam quando servem a seus interesses de lucro, ganância e poder.

Na nossa América, a Latina, os exemplos são inúmeros. Nos últimos anos, assistimos aos golpes em Honduras, Paraguai, Brasil e, recentemente, na Bolívia. A hostilidade aberta e pública a qualquer governo que ouse não seguir os cânones econômicos e políticos de Washington precede o boicote econômico e financeiro.

Qualquer tentativa de construir independência econômica, tecnológica, militar e mesmo comercial e diplomática é vista como hostil ao poder do império: blocos regionais, integração econômica, política externa e comercial ou econômica são logo taxadas de populistas e antiamericanas.

Império do Meio
A mais recente guerra comercial de Trump com a China é sintoma do temor da ascensão do Império do Meio como potência mundial capaz não apenas de desafiar a hegemonia econômica e tecnológica estadunidense, mas de ser um contrapeso às suas ambições imperiais de polícia do mundo. O mesmo vale em relação à Rússia, à Índia, à África do Sul, ao Irã e a qualquer outro governo ou nação que ouse construir seu próprio caminho.

A gravidade do momento atual no Brasil se concretiza na alienação de nossa política externa, nossa diplomacia e nossa independência em relação aos Estados Unidos pelo governo Bolsonaro, algo jamais visto a não ser no início da ditadura militar, que apoiou a invasão à Republica Dominicana e o bloqueio criminoso a Cuba. O alinhamento subserviente aos Estados Unidos, que vem se manifestando seguidamente, como no apoio ao golpe militar na Bolívia, às tentativas de invasão da Venezuela e, agora, ao assassinato do general Suleimani, do Irã, acabarão por nos arrastar a guerras injustas e de agressão.

Na prática, temos a desconstrução da política externa de Lula e do Itamaraty e a redução do Brasil a um país satélite e dependente dos Estados Unidos. E isso vem acontecendo ante ao silêncio do Parlamento brasileiro e das Forças Armadas. Estas, aliás, parecem só sair do mutismo para defender seus interesses salariais, previdenciários ou para criticar o Lula, que tirou seu orçamento da lona e deu dignidade a todos, e ao PT.

A atual política externa renuncia o papel do Brasil na integração da América do Sul e sua presença autônoma no mundo. Mais grave ainda é que esta postura faz parte do desmonte do Estado nacional, sem o qual jamais seremos uma nação independente e uma república democrática justa e igualitária.

* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.

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