Vídeo: Coren apura denúncia sobre baixa qualidade de máscaras usadas no DF
Nas imagens, profissional de saúde diz que precisa usar fita para vedar entrada de possível ar contaminado de unidade de saúde local
atualizado
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O Conselho Regional de Enfermagem (Coren-DF) passou a investigar a qualidade das máscaras do tipo N95 distribuídas a profissionais de saúde do Distrito Federal. O produto é de uso específico para pessoas que passam muito tempo em ambientes possivelmente contaminados ou infectados pelo novo coronavírus.
A investigação ocorre após um vídeo ser gravado dentro de unidade pública indicando os riscos de contaminação com o uso do equipamento de proteção. As imagens foram feitas nessa segunda-feira (19/10) e não há como identificar a autoria.
Na gravação, uma funcionária revela que o produto não isola a boca e o nariz e, por isso, decidiu apelar às fitas de micropore – usadas originalmente para curativos – para auxiliar no bloqueio lateral de entrada de ar do ambiente. O vídeo foi gravado no Hospital de Base (HBDF), mas há relatos de outras unidades.
“Mesmo colocando o micropore, ela [a fita] não veda. Não tem condições de trabalhar com isso aqui. Eu só queria uma solução. Não tem condição de trabalho, mesmo vedando, não veda. Eu queria uma solução do sindicato, porque isso é falta de consideração com o trabalhador”, registrou.
Veja o vídeo:
Denúncias
Durante a pandemia, vários casos de desabastecimento ou mesmo de qualidade questionável dos equipamentos de proteção individual foram registrados pelo Metrópoles.
Em agosto, por exemplo, uma reportagem revelou que a Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências de Saúde (Fepecs) encaminhava, desde abril, memorandos e documentos à Secretaria de Saúde do DF relatando “total desespero” pela falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) a residentes que atuam nos hospitais do DF.
“Já adquirimos EPI’s com recursos próprios, contudo, em face dos altos preços, é impossível sustentar essa situação”, diz no memorando enviado à pasta.
No início de setembro, foi anunciada no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) a dispensa de licitação para compra de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para uso médico hospitalar.
A aquisição foi prevista para ocorrer em caráter emergencial, uma vez que tem o objetivo de repor os estoques da rede pública no combate ao enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. O aviso de dispensa de licitação também não cita o valor da compra nem o total unitário de EPIs que serão adquiridos.
Na segunda fase da Operação Falso Negativo, esses foram dois pontos que levantaram a suspeita do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) para supostos esquemas de superfaturamento em contratos realizados para o enfrentamento da Covid-19 na capital do país. Na ocasião, os investigadores mostram que foram fixados prazos curtos a fim de evitar que outras empresas apresentassem propostas.
O que diz a Secretaria de Saúde?
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Saúde esclareceu “que todos os produtos, no ato do recebimento, passam por atestado de profissionais técnicos, servidores da pasta, para que sejam autorizados o recebimento e a distribuição do material. O atestado técnico é a comprovação de que a máscara pode ser utilizada pelos profissionais de saúde”, explicou.
Também acionado por gerir o Hospital de Base, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges-DF) respondeu “que o tipo de máscara apresentado no vídeo não foi fornecido pelo instituto e todas as máscaras distribuídas aos colaboradores seguem padrão de qualidade e normas de segurança”.