União deposita valor milionário para compra de remédio de bebê com AME
Ministério da Saúde fez transferência para família de Rafael Pelincari, dias antes do prazo limite para uso da medicação mais cara do mundo
atualizado
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O Ministério da Saúde depositou, nesta quinta-feira (1º/7), a diferença do valor até agora arrecadado pela família do bebê Rafael Gonçalves Pelincari (foto em destaque), de apenas 1 ano e 11 meses, para ter direito ao Zolgensma, considerado o remédio mais caro do mundo e avaliado em R$ 12 milhões. A decisão atende uma determinação da Justiça Federal.
A criança tem o tipo mais severo da Atrofia Muscular Espinhal (AME) e enfrentava uma briga judicial desde o início do ano para que conseguisse o auxílio da pasta federal a fim de conseguir acesso ao tratamento importado, atualmente a única esperança para pacientes que nascem com a patologia congênita.
A decisão do Ministério da Saúde ocorre dias antes de o bebê completar 2 anos, prazo limite para o uso da medicação. A autoria da causa é a advogada Daniela Tamanini, conhecida pela atuação em casos parecidos.
A decisão é do juiz federal substituto William Ken Aoki, da 3ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária de Minas Gerais. Anteriormente, o magistrado havia negado o pedido da família do Rafael baseado em argumentação de um parecer médico do Núcleo de Avaliação de Tecnologias em Saúde (NATS), que questionou o uso do medicamento para tratamento da enfermidade.
“A gente vive num país onde nem tudo aqui é tratado com a seriedade que deveria ser, né, por se tratar de uma doença rara, degenerativa e progressiva tão grave como a AME. Foram 7 meses de luta, juntamente com a doutora Daniela, que foi brilhante. Quero agradecer ao juiz que deu a liminar favorável ao Rafa depois de 6 negativas que nós tivemos. Eu estou que parece que eu vou explodir, sabe? Há muito tempo eu não sorria, eu estou emocionada, mas é de alegria”, disse Elaine Pelincari, mãe do Rafael.
O remédio é produzido pela suíça Novartis e promete neutralizar em crianças de até 2 anos os efeitos da AME, doença rara que pode causar a morte antes mesmo dessa idade. Até 2017, não havia tratamento no Brasil.
Quadro
Rafael é o temporão dos quatro filhos de Adriano e Elaine Pelincari, que moram em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Atualmente, o bebê tem auxílio de uma cadeira de rodas, tem diminuição da força nas pernas, fato que o impede de andar. Além disso, o pequeno precisa de dedicação exclusiva da mãe, já que constantemente se engasga pelo enfraquecimento muscular do sistema respiratório.
Considerada uma doença rara e grave, a AME é causada pela alteração de uma proteína necessária para os neurônios ligados ao movimento dos músculos. Ela produz atrofia progressiva dos músculos, dificultando a condição de movimentação pelo paciente. A incidência é de 1 entre 10 mil nascidos vivos.