Um ano após reabertura, Espaço Oscar Niemeyer corre risco de fechar de novo
Com as recentes chuvas, goteiras, infiltrações e curto-circuito colocam em risco a exposição Brasília em Linhas, do artista Jailson Belfort
atualizado
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Pouco mais de um ano após a reinauguração, o Espaço Oscar Niemeyer voltou a apresentar problemas na edificação, como goteiras, infiltrações, curto-circuito e até mesmo fumaça causada pelo sistema elétrico.
Antes da reabertura, o espaço permaneceu fechado por seis anos justamente pela falta de manutenção para abrigar o acervo em homenagem ao principal arquiteto de Brasília. De acordo com o Governo do Distrito Federal, a reforma do espaço Oscar Niemeyer durou cinco anos e custou cerca de R$ 1 milhão aos cofres públicos.
Atualmente como equipamento cultural, a situação do ponto turístico foi agravada pela volta das chuvas no Distrito Federal e, agora, ameaça, inclusive, a exposição Brasília em Linhas, do artista gráfico Jailson Belfort. O investimento da mostra foi feito pela curadoria do artista.
Embora tenha retomado as atividades em agosto de 2019, o local estava sem funcionamento desde março, desta vez em decorrência da pandemia do novo coronavírus na capital federal. Com pouco mais de um mês da reabertura, o local corre o risco de ser fechado novamente para manutenção.
“Após início das primeiras chuvas, informo que as medidas adotadas pela empresa contratada pela Novacap para a reforma do Espaço Oscar Niemeyer (EON) mostraram-se insuficientes, tendo sido identificados nos últimos dois dias diversos pontos de infiltração e goteiras, comprometendo, inclusive, as instalações elétricas com sinal de curto-circuito e fumaça nesta data (20/10/2020). Por tais razões, o sistema de iluminação foi desligado”, explica documento assinado pela administração do local.
O mesmo despacho solicita urgência para os reparos, uma vez que há montada e aberta ao público a exposição Brasília em Linhas, que teve todas as despesas de montagem, produção e assessoria de imprensa inteiramente custeadas pelo artista, com ampla divulgação por todos os veículos de comunicação da cidade.
“Solicito que seja apreciada e deliberada por V. Sa. a possibilidade de adoção de medidas urgentes, sugerindo-se: a) vistoria imediata no local, orientando quanto à possibilidade de manter o EON aberto a visitação ante as condições ora relatadas; em sendo o caso de fechar novamente o EON, orientações dessa Subsecretaria do Patrimônio sobre como proceder em relação à exposição, tendo em vista o prejuízo do artista com o fechamento prematuro do espaço e o fato de que suas obras estão expostas a goteiras”, registrou.
O que diz a Secretaria de Cultura?
Responsável pelo espaço, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa informou ao Metrópoles que, “em razão das fortes chuvas, houve infiltração no Espaço Oscar Niemeyer, que afetou um dos trilhos de luminárias, já desligado”.
Na nota, a pasta reforça que a empresa responsável pelas obras “já foi contatada e comparecerá no equipamento na manhã de quarta-feira (21/10) para vistoria. Inicialmente, não parece afetar o funcionamento do museu, que deve abrir na próxima sexta-feira conforme a rotina atual”, frisou.
Reabertura
A reabertura do espaço anunciada em agosto do ano passado causou reações adversas, uma vez que o local foi concebido para abrigar obras do renomado arquiteto. Com o fim do acordo de gestão realizado pela Fundação Oscar Niemeyer, o cartão postal passou a ser novamente de responsabilidade do GDF. Uma ação na Justiça impetrada pela entidade tenta tirar o nome do espaço.
Ex-genro de Niemeyer e atuante na construção de Brasília, o arquiteto Carlos Magalhães da Silveira indignou-se ao receber a notícia à época de que o conceito do espaço, criado em 1988 pelo então governador, José Aparecido, seria alterado.
“Eu era secretário de Obras quando o então governador me chamou para determinar a construção do local, erguido para abrigar a Fundação Oscar Niemeyer e todo o acervo dele. O que estão fazendo é uma verdadeira traição à história da nossa capital”, criticou na oportunidade.
Histórico
No fim de 2012, o equipamento anunciou que precisaria ser fechado definitivamente. À época, abrigava peças, desenhos, croquis, maquetes e documentos originais utilizados por colaboradores e pelo principal arquiteto de Brasília. Contudo, infiltrações e uma infestação de fungos tornaram o local inacessível. Um arrombamento também marcou o período decadente do espaço público.
O então governador do DF, Agnelo Queiroz (PT), anunciou a revitalização do espaço, mas a reforma se arrastou até o ano passado. Com as obras, o acervo original de Niemeyer foi guardado em arquivos de plástico empilhados em uma sala pequena, e a visitação foi suspensa. Todo o material foi, então, destinado ao Rio de Janeiro, onde passou a ficar sob a tutela de familiares do arquiteto.