Surto de febre amarela esgotou estoque de papel da Anvisa
Em dia de protestos pelo país, conheça os bastidores e os personagens do que virou notícia nesta semana em Brasília
atualizado
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Acabou papel!
Apenas no primeiro quadrimestre de 2017, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu quase a mesma quantidade de certificados de vacinação (imagem em destaque) de todo o ano passado. De janeiro a abril, foram produzidos 345.550 documentos, contra 377.884 nos 12 meses de 2016. A grande procura neste ano se deve a dois fatores (inter-relacionados): o surto de febre amarela ocorrido no Brasil nos primeiros meses de 2017 e o consequente aumento de países que cobram dos visitantes tupiniquins comprovação de que estão devidamente imunizados contra a doença. A Anvisa chegou a improvisar, remanejando formulários de impressão de um posto a outro, e entre as unidades da Federação, mas não teve jeito: faltou papel. Uma licitação está em andamento e, embora não haja data certa para ser concluída, a agência garante que os turistas brasileiros não serão prejudicados. Mesmo provisórios, estão sendo emitidos comprovantes devidamente carimbados que atestam ao portador estar com a vacina em dia.
SindSaúde terá que indenizar Rollemberg
O juiz Carlos Eduardo Batista dos Santos, da 2ª Vara Cível de Brasília, deu ganho de causa ao governador Rodrigo Rollemberg (PSB) em ação contra o SindSaúde. A entidade foi condenada a pagar R$ 10 mil, com 1% de juros e correções monetárias a partir da publicação da sentença, ao chefe do Executivo por danos morais, devido à campanha que associava a imagem do socialista ao vilão Dick Vigarista, do desenho animado Corrida Maluca. Em abril, a entidade já tinha sido obrigada a retirar a campanha do ar. Agora, terá que apagar os registros feitos anteriormente em seu site. O sindicato também arcará com 12% das custas do processo.
Não basta atrasar salários, tem que ameaçar cortar o ponto
Cerca de 900 trabalhadores terceirizados dos serviços de limpeza e conservação das escolas públicas do DF estão com os salários atrasados há 24 dias. Mas seus patrões não querem que eles protestem contra isso e as reformas trabalhista e da Previdência. Segundo o sindicato da categoria, o Sindiserviços-DF, os empregados foram ameaçados: quem aderir à greve geral desta sexta-feira (30) terá o ponto cortado. O aviso partiu, na versão da entidade, do comando da Real JG, que deveria ter pago o salário de maio em 6 de junho. Igualmente ameaçados, estariam os quase 3 mil funcionários da Juiz de Fora, outra empresa do segmento atuante na rede pública de ensino. Seu pessoal recebeu com 14 dias de atraso, em 20/6, mas ainda aguarda o pagamento de 10 dias de tíquete alimentação. Não há prazo para receber o benefício, mas quem cruzar os braços nesta sexta perderá o dia.
Dissídio na Justiça
Segundo o Sindiserviços, os atrasos nos acertos de salários, 13º, horas extras, vales transporte e tíquetes alimentação têm sido recorrentes nos últimos dois anos – e ao depositá-los, os empregadores não têm feito qualquer reposição pela delonga. O conjunto de denúncias e reclamações já foi levado ao conhecimento do Ministério Público do Trabalho e à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do DF. Enquanto esses órgãos não decidem a questão, a orientação da entidade é para a categoria parar geral nesta sexta-feira.
Antes do recesso, o dever da Casa
Na véspera da greve geral e de protestos em todo o país contra as reformas trabalhista e da Previdência, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), decidiu remarcar para a próxima terça (4/7) a análise do requerimento de urgência para a votação das mudanças nas leis trabalhistas. O adiamento foi proposto pela oposição, mas, ao abraçar a ideia, o peemedebista quis evitar dar combustível à onda de protestos desta sexta (30). De pouco deve adiantar: os manifestantes sabem que, uma vez aprovado o pedido de urgência, os senadores podem fechar acordo para liquidar imediatamente a tramitação da proposta – e, de quebra, vários direitos assegurados desde a década de 1940 pela CLT. O Planalto pressiona para que a votação da reforma seja feita na quarta (5/7). Eunício Oliveira já anunciou que tudo estará consumado antes do recesso parlamentar do meio do ano, que, no Congresso, começa dia 17.
Revoada tucana
Políticos de várias siglas fizeram fila, na quarta (28), durante evento em Brasília, para tirarem uma foto com João Doria (PSDB-SP). Mas chamou a atenção o comportamento dos tucanos presentes. Em movimento inverso, a maioria voou para longe do prefeito paulista, receosa com a possibilidade de um revival. O medo é de que ele acabe sendo o candidato do partido à Presidência da República e se revele, depois, uma nova versão de Aécio Neves (PSDB-MG). Após a enxurrada de escândalos envolvendo o ex-líder nacional da sigla, correligionários de plumagem azul e amarela fizeram um limpa em seus acervos fotográficos, deletando registros ao lado do presidente afastado do ninho. Como o futuro a Deus pertence, preferiram nem ter selfies com Doria e se pouparem do trabalho de precisar apagá-las depois.
#TamoJunto
Os distritais Celina Leão (PPS) e Raimundo Ribeiro (PPS), investigados na Operação Drácon sob a acusação de integrar esquema de pagamento de propina em troca de aprovação de emendas parlamentares na área da saúde, mostraram uma estranha e fina sintonia com a Polícia Civil. Os dois participaram da festa junina da Associação Nacional dos Delegados de Polícia do Distrito Federal (Adepol) e Celina fez questão de publicar as fotos ao lado dos delegados em suas redes sociais com a #TamoJunto. No entanto, a Operação Drácon foi deflagrada justamente pela corporação, em parceria com o MPDFT. O caso está rendendo: eles e mais três distritais já são réus por corrupção e nesta quinta (29) foram denunciados à Justiça por improbidade administrativa no mesmo caso.