Sem aparelho para exame, fila por cirurgia de cálculo renal cresce no HBDF
Até a tarde de sexta-feira (9/10), pelo menos 20 pacientes estavam internados aguardando o procedimento emergencial
atualizado
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Única unidade pública com atendimento 24 horas em urologia, o Hospital de Base (HBDF) está com fila de pacientes internados que aguardam a intervenção emergencial para a retirada de cálculo urinário. Todos os aparelhos usados para tratar da enfermidade, que é considerada grave, estão quebrados.
A reportagem apurou que, até a tarde dessa sexta-feira (9/10), pelo menos 20 pessoas esperavam pelo procedimento no 7º andar do principal hospital do Distrito Federal. Além dos aparelhos sem funcionamento, há também desabastecimento de insumos, como a fibra laser, importante instrumento que permite maior rapidez nos tratamentos e contribui na diminuição de incômodos em pacientes.
O cálculo urinário é quando essa formação ocorre nos rins, com uma dor menos intensa e necessidade de tratamento medicamentoso. Na trajetória pelo trato urinário, essas pedras acabam obstruindo o ureter ou a bexiga, o que causa dores intensas, dificulta a saída da urina, podendo gerar, até, sangramento.
Para tentar solucionar o problema, a equipe médica de urologia sugeriu que um dos aparelhos, ureteroscópio, usado para tratar da emergência cirúrgica, fosse emprestado pelo Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), unidade também gerida pelo Instituto de Gestão de Saúde do DF (Iges-DF).
Crise financeira
O Metrópoles tem revelado uma série de problemas vividos pelo Hospital de Base, o que inclui o atraso no pagamento do salário de funcionários e colaboradores e a falta de material de consumo, como papel higiênico.
Na última quinta-feira (9/10), diante da crise que vive a unidade, o superintendente do hospital, Lucas Seixas, encaminhou mensagem aos trabalhadores para tentar acalmá-los.
No cenário de incertezas vivido pela equipe, Seixas afirmou: “Nesses momentos de crise, podemos reclamar, falar, etc. No entanto, o melhor é unir e agir”.
O gestor ainda confirmou o desabastecimento e os atrasos temporários de salários, além de pagamentos a empresas fornecedoras. “Como sabemos, mas não custa lembrar, o Iges-DF [Instituto de Gestão Estratégica] controla todos os pagamentos dos fornecedores do HBDF, HRSM e UPAs. A gestão está lutando para resolver com celeridade esses pagamentos e, assim, normalizar a reposição de todos os itens necessários à assistência segura e com qualidade”, disse.
Seixas ainda ressaltou que, neste momento, está atuando “junto ao setor de pagamento para minimizar os problemas ocasionados por fatores diversos e somados a uma pandemia de Covid-19 que onerou a Saúde e fez governos arrecadarem menos pelo mundo, no Brasil e em Brasília”.
O que diz o Iges-DF?
Procurado pela reportagem, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF) informou que, “na noite desta sexta-feira (9/10), entrou em ação uma força-tarefa médica com a missão de zerar a fila de 20 pacientes que esperam por cirurgias urológicas no Hospital de Base”.
De acordo com a nota encaminhada pela assessoria de imprensa, “o mutirão foi possível após o instituto substituir dois aparelhos de ureteroscopia, utilizados para retirada de cálculos ureterais, que pararam de funcionar”.
Conforme explicou, “um aparelho similar e em bom estado foi cedido pelo Hospital Regional de Santa Maria. Ele será devolvido assim que o Hospital de Base receber novos aparelhos de ureteroscopia, cujo processo de compra já está em andamento”, concluiu.