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Saúde no DF só tem 23 medicamentos para tratar 298 pacientes com hanseníase

Problema não é registrado apenas da capital do país. Segundo o GDF, há desabastecimento geral causado pelo Ministério da Saúde

atualizado

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Tomaz Silva/Agência Brasil
Pessoa em cadeira sem a perna, dentro de quarto
1 de 1 Pessoa em cadeira sem a perna, dentro de quarto - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Uma das doenças mais temidas durante a chamada Idade das Trevas, período registrado entre os séculos V e IX, a hanseníase (então popularmente conhecida como lepra) volta a atrair a atenção. O motivo é grave. O estoque de blisters multibacilar adulto (MBA) – a associação de Rifampicina, Dapsona e Clofazimina para o controle dos avanços da enfermidade – está praticamente zerado nas prateleiras da Secretaria de Saúde do Distrito Federal. O cenário é ainda mais preocupante, visto que o desabastecimento está ocorrendo em todo o país.

De acordo com um documento interno obtido pelo Metrópoles e assinado pela Diretoria de Assistência Farmacêutica da pasta, a capital federal já iniciou o mês de agosto com o sinal de alerta ligado pela falta de acesso ao importante conjunto de fármacos usados por quem teve o diagnóstico da doença.

Atualmente, a secretaria estima que 298 pessoas façam uso do controlador bacteriano, mas a pasta conta com apenas 23 unidades em estoque. E não há previsão de recarga pelo Ministério da Saúde, responsável pelas compras.

O texto sublinha que o desabastecimento é nacional e que os medicamentos encontram-se em processo de importação pelo Ministério da Saúde, sem previsão de chegada às unidades de saúde locais: “Estamos vivenciando um grave problema de saúde pública no DF a partir deste mês de agosto”.

Remanejamento

“Considerando o levantamento dos pacientes no mês de julho, obteve-se um total de 298 pacientes em uso do blister multibacilar adulto em todo o Distrito Federal, e um estoque no almoxarifado central de apenas 23 unidades. Sendo assim, com intuito de evitarmos a descontinuidade do tratamento de diversos pacientes, esta gerência propôs um remanejamento com base nos estoques disponíveis nas unidades de saúde”, informou o texto. “Após a emissão do documento, algumas unidades de saúde manifestam estar com o sistema informatizado desatualizado, o que impossibilitaria o remanejamento proposto”, concluiu a diretoria.

De acordo com o Ministério da Saúde, a associação desses medicamentos diminui a resistência medicamentosa do bacilo Mycobacterium leprae, bactéria causadora da hanseníase. A própria pasta explica que, quando se utiliza apenas um medicamento, com frequência, a cura da doença é praticamente impossível. “A alta por cura é dada após a administração do número de doses preconizado pelo esquema terapêutico, dentro do prazo recomendado”, diz o ministério em seu sítio institucional.

Interrupção do tratamento

Conforme indica a Secretaria de Saúde no documento, se o paciente ficar até três meses sem a medicação, ele pode retornar o tratamento normalmente, sem que o resultado seja prejudicado. “É importante explicar bem para esses pacientes que a medicação está em falta e que se ele ficar um mês (ou no máximo até três meses), não compromete o tratamento. Esses pacientes devem ficar sob a supervisão da equipe de saúde, para, assim que a medicação chegar, darem continuidade ao tratamento”, orientou.

Procurada pela coluna, a Secretaria de Saúde confirmou o desabastecimento, mas esclareceu, por meio da assessoria de imprensa, que o medicamento blisters multibacilar adulto (MBA) é exclusivo do Ministério da Saúde. “Cabe às secretarias estaduais a programação do medicamento para a sua distribuição nos hospitais e Unidades Básicas de Saúde”, destacou.

Ainda segundo a pasta, conforme solicitação ao ministério e indicado o quantitativo que a Secretaria de Saúde precisará, a pasta federal realiza a compra e envia para o Distrito Federal. “A SES/DF já realizou a programação, porém, os envios estão atrasados no Brasil inteiro devido a um desabastecimento nacional do medicamento”, finalizou.

Da mesma forma, o Metrópoles questionou o Ministério da Saúde sobre o desabastecimento dos fármacos, mas não obteve o retorno até a publicação desta matéria. O texto será atualizado quando a manifestação oficial for recebida.

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Prédio do Ministério da Saúde, em Brasília
Doenças negligenciadas são causadas por bacilos geralmente envolvidos a condições de saneamento básico
Pessoa com hanseníase: doença deixa sequelas e pode até resultar em amputações
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Secretaria de Saúde confirmou estoque baixo

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Prédio do Ministério da Saúde, em Brasília

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Doenças negligenciadas são causadas por bacilos geralmente envolvidos a condições de saneamento básico

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Pessoa com hanseníase: doença deixa sequelas e pode até resultar em amputações

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O que é hanseníase?

Hanseníase é uma doença bastante infecciosa, mas atualmente curável, que tem como principais sintomas lesões de pele e danos severos aos nervos. Antigamente, era conhecida como lepra. É causada pelo contato com a bactéria Mycobacterium leprae e afeta diretamente a pele, os olhos, o nariz e alguns nervos.

Os efeitos da hanseníase incluem manchas claras ou vermelhas na pele, com diminuição, muitas vezes até total, da sensibilidade. Também causa dormências e fraqueza, tanto nas mãos quanto nos pés. A depender do protocolo, a enfermidade pode ser curada com 6 a 12 meses de terapia com os medicamentos. O tratamento precoce evita uma possível deficiência futura.

O contágio ocorre por meio da convivência prolongada com algum doente por contato de gotículas de saliva ou secreções do nariz. Tocar a pele do paciente não transmite a hanseníase. Atualmente, cerca de 90% da população tem defesa contra a doença. O período de incubação varia de seis meses a cinco anos e, a depender da genética de cada pessoa, a doença pode se manifestar de várias formas.

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