Saúde do DF faz plano para evitar furtos de vacinas de Covid-19: “Objeto de cobiça”
Relatório obtido pelo Metrópoles alerta sobre estruturação de áreas seguras para evitar eventuais riscos, incluindo também os desvios
atualizado
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Além da falta de estrutura para o armazenamento e a refrigeração das vacinas contra Covid-19 a serem enviadas pela União ao Governo Distrito Federal (GDF), conforme revelado pelo Metrópoles, a Secretaria de Saúde tem outra grande preocupação: a segurança do local de estocagem dos imunizantes.
Documento obtido pela coluna Janela Indiscreta alerta que a pasta precisa de um espaço com vigilância constante, uma vez que, de acordo com o cronograma estabelecido, a fórmula será destinada, prioritariamente, aos idosos, servidores da linha de frente e a pessoas do grupo de risco. O restante da população deverá aguardar a definição da liberação para grupos distintos.
Segundo antecipa no texto o subsecretário de Vigilância à Saúde, Divino Valero Martins, a precaução é necessária, visto que há previsão da chegada de pelo menos 3 milhões de doses do produto a ser autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“As novas vacinas destinadas à imunização contra a Covid-19, bem de grande expectativa da população, serão objeto de cobiça e demandarão a estruturação de áreas seguras para evitar eventuais riscos de furtos e outros desvios”, escreveu ao secretário de Saúde, Osnei Okumoto.
Embora elenque três possibilidades para a estocagem, como reforma e ampliação do espaço existente, aquisição de mais equipamentos para refrigeração ou aluguel provisório de imóvel e equipamento compatível (container refrigerado), Martins defende a escolha de novo local, o Porto Seco, situado no Polo JK de Santa Maria, já que a expansão das dependências atuais necessitaria de mais tempo.
“Como relatado, o local onde o núcleo está instalado se encontra muito comprometido e operando no limite, o que, na prática, impede avaliação de aluguel e instalação adequada de containers, sem ainda avaliar os potenciais riscos patrimoniais devido ao elevado valor agregado às vacinas do Covid-19”, assinalou Martins.
Porto Seco
Para o subsecretário, quaisquer das aquisições citadas no relatório precisam, na prática, passar pelo processo licitatório, o que igualmente não leva em conta a demanda de tempos de tramitação para as aquisições – e isso pode colocar em risco toda uma campanha para combate ao novo coronavírus.
“Todas as licenças e alvarás de funcionamento do Porto Seco podem e devem ser solicitadas e atualizadas por ocasião da eventual avaliação definitiva para efeitos de potencial aluguel da área. O mesmo ocorre com as adequações desejadas, o possível contrato deverá prever as demandas e só efetivado se atendido”, sublinha.
Divino Valero não descarta as obras para melhoria das instalações do Núcleo da Rede de Frio, mas defende que, se autorizadas, devem ocorrer de maneira simultânea.
“Dentro deste quadro e da eminente demanda que não nos concede prazo para outras soluções que não exponham a Rede de Frio a riscos, optamos pela definição da alternativa mais segura, ágil e tecnicamente adequada, que é o aluguel de armazém externo completo, mesmo que demande pequenas adequações, onde poderemos operar até que as obras de instalações do Núcleo da Rede de Frio da SES-DF sejam concluídas, validadas e merecedoras das certificações da Anvisa”, salientou.
Acionada pela reportagem, a Secretaria de Saúde reforçou que a preocupação do subsecretário Divino Valero é com o risco de que a vacina venha a ser objeto de furto.
“É fundamental, sim, que o lugar do armazenamento garanta segurança. Isso está sendo observado pela Secretaria de Saúde no processo de contração de câmaras frias, que já está bem adiantado. Lembramos que o Reino Unido também manifestou essa preocupação”, pontuou a pasta.
Falta de estrutura
Conforme revelado pelo Metrópoles na manhã de terça-feira (8/12), em meio às sinalizações a respeito da aguardada chegada das vacinas contra a Covid-19 no Brasil, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal emitiu alerta sobre a falta de estrutura para armazenar os produtos no caso da autorização para imunizar a população brasiliense.
A maior reclamação é referente ao tamanho insuficiente para atender a variedade e a quantidade de vacinas armazenadas – o número praticamente dobrou de 2001 para 2020. Um dos problemas é que alguns desses produtos estão sendo produzidos em formato de dose única, com embalagens volumosas, deixando o espaço de armazenamento ainda mais comprometido.
De acordo com o documento, como não houve crescimento proporcional nas instalações que compõem a cadeia de frio, em todos os seus níveis e em todas as medidas necessárias para manutenção adequada do fluxo de circulação e armazenamento, a capacidade da rede “já se encontra comprometida”.