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Saúde do DF distribuiu 276 mil cartelas de hidroxicloroquina na pandemia

Remédio é defendido por parte da população para casos da Covid-19. Pasta diz que entrega foi para pacientes do DFcom outras doenças

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1 de 1 hydroxychloroquine - Foto: Samir Jana/Hindustan Times/Getty Images

A Secretaria de Saúde distribuiu 276.610 comprimidos de hidroxicloroquina no Distrito Federal entre março e agosto de 2020 – portanto, durante a pandemia do novo coronavírus.

Embora o fármaco tenha ganhado notoriedade pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que defende o uso no combate à Covid-19 mesmo sem comprovação científica, a pasta do Executivo local diz que o total entregue na capital no período foi apenas para pacientes com outras doenças, como lúpus e malária, por exemplo.

Os meses com maior entrega de Sulfato de Hidroxicloroquina foram julho, com 52.900 comprimidos repassados, e agosto, que totalizou 50.440. Os dois meses compreendem o período considerado o pico das infecções do Sars-Cov-2 no Distrito Federal. Março, quando houve o primeiro registro do novo coronavírus no DF, foi o mês com menor consumo, registrando 40.140 comprimidos entregues.

Apesar de os números acompanharem o crescimento de casos da doença na capital federal, a Secretaria de Saúde esclarece que o fármaco é padronizado exclusivamente para os protocolos de tratamentos estabelecidos pelo Componente Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e não é usado para tratar a Covid-19.

Segundo a pasta, para os casos de pacientes com o coronavírus foi direcionado a cloroquina, medicamento derivado, mas que não é considerado como a mesma fórmula. “O que foi direcionado para Covid-19 foi cloroquina enviada pelo Ministério da Saúde”, explica o órgão.

Nomes parecidos, substâncias distintas

Com nomes parecidos, a diferença entre as duas substâncias está na estrutura. Os dois medicamentos são derivados de uma mesma classe de fármacos, mas diferentes na sua forma estrutural química. A hidroxicloroquina é um derivado menos tóxico e hidroxilado da cloroquina.

Em abril, a Secretaria de Saúde autorizou profissionais da rede de saúde da capital a utilizarem o medicamento cloroquina no tratamento de pacientes diagnosticados com Covid-19, no caso de hospitalizados que estejam em estado grave e crítico.

A decisão ocorreu após o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges-DF) também sinalizar a intenção de recorrer à substância para pacientes da doença em situação mais preocupante.

De abril a maio, conforme indica a tabela da secretaria, foi registrado também um aumento de cerca de 10% na distribuição da hidroxicloroquina por parte do órgão.

Veja a tabela:

Tabela registra distribuição de comprimidos de hidroxicloroquina no DF

 

“Pouco ou nenhum efeito”

Um estudo global da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicado na última quinta-feira (15/10), avaliou os efeitos da hidroxicloroquina e de três antivirais no tratamento contra a Covid-19 e concluiu que eles “pareceram ter pouco ou nenhum efeito no (paciente com) Covid-19 hospitalizado”.

De acordo com o artigo da Solidarity, publicado na plataforma medRxiv em versão pré-print, mais de 11.200 pacientes adultos da Covid-19 participaram do estudo randomizado em 450 hospitais de 30 países.

Até 2.750 foram tratados com remdesivir, 954 com hidroxicloroquina, 1.411 com lopinavir, 651 com a combinação interferon mais lopinavir, 1.412 apenas com interferon e 4.088 com nenhum medicamento do estudo.

Nos seis meses do estudo, nenhum medicamento conseguiu reduzir definitivamente a mortalidade dos pacientes, a necessidade de ventilação ou a duração da hospitalização em 28 dias de tratamento.

“Estes regimes de remdesivir, hidroxicloroquina, lopinavir e interferon pareceram ter pouco ou nenhum efeito no (paciente com) Covid-19 hospitalizado”, escreveram os autores do estudo. Os resultados ainda precisam passar pela revisão de outros especialistas antes de serem publicados em revistas científicas.

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Nos anos anteriores, o HFA não recebeu sequer uma unidade do medicamento
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O uso do remédio é recomendado apenas para pessoas com alto risco de evolução para o caso grave da doença

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Nos anos anteriores, o HFA não recebeu sequer uma unidade do medicamento

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Vários estudos comprovaram que a cloroquina não tem eficácia contra a Covid-19

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Medida foi tomada para evitar que a população usasse a mesma receita para comprar várias unidades e fazer estoque em casa

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Azitromicina, cloroquina e outros remédios do kit Covid não têm comprovação científica de eficácia contra o coronavírus

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De acordo com a Pfizer, a pílula tem 89% de eficácia na prevenção de hospitalizações e mortes de pacientes de alto risco contaminados pela Covid-19

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O que diz a Secretaria Saúde?

Procurada pela coluna, a Secretaria de Saúde esclareceu que a quantidade de 276 mil comprimidos de hidroxicloroquina que aparecem na planilha é referente ao estoque médio mensal (46.102) do medicamento multiplicado por meses, “visto que esta foi a programação de aquisição feita pela pasta no momento da compra”.

Segundo a secretaria, a própria planilha mostra que o quantitativo de comprimidos distribuídos mês a mês se manteve entre 38 e 51 mil.

A secretaria informou ainda que, “uma vez que o medicamento é direcionado à alguma unidade de saúde, fica à disposição da equipe multiprofissional para administrar o uso em pacientes que necessitem”.

“A hidroxicloroquina fornecida com base nos protocolos da SES/DF é usada para o tratamento contra lúpus eritematoso sistêmico, artrite idiopática juvenil (AIJ), artrite reumatoide, dermatomiosite, polimiosite e reumatologia em geral”, finalizou.

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