Restrições da Covid fazem produtores do DF migrarem para o Entorno
Goiás é principal alvo de organizadores de shows e teatro, onde flexibilização de regras e proximidade com Brasília são maiores atrativos
atualizado
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Um dos segmentos mais afetados durante a pandemia da Covid-19, o setor de eventos no Distrito Federal, passou a procurar soluções para manter a agenda de compromissos durante a vigência de restrições impostas pelo Palácio do Buriti.
Uma das alternativas é a recente procura por cidades próximas de Brasília, onde as regras estão mais flexíveis, para atrair o público da capital e tentar manter o emprego de quem dependia dos ganhos com festas, shows e espetáculos teatrais, por exemplo.
O produtor cultural Edson Souza, mais conhecido pela noite da cidade como Pissu, explicou já ter confirmado pelo menos 12 eventos em localidades vizinhas nos próximos meses, incluindo o Carnaval em Caldas Novas (GO), onde várias restrições foram liberadas.
“Aqui em Brasília, na verdade, estamos trabalhando dentro do que o governo está deixando. Como nessas localidades as regras estão mais flexibilizadas, estamos indo para lá após os eventos testes comprovarem que são seguros, no caso de cumpridas todas as medidas de segurança”, disse ele, que é responsável pelas atrações de várias casas noturnas do DF.
O empresário comparou o recente show de João Gomes, novo sucesso do piseiro no Brasil, realizado em 15 de outubro, no Café de La Musique de Brasília, com a versão que ocorreu horas após em Valparaíso (GO), cidade distante, a 32 km da capital federal.
“Para se ter ideia, aqui no Café conseguimos colocar um público de 500 pessoas. Na edição do show dele em Valparaíso foram 9 mil. Aqui, contratamos 270 pessoas para ajudar na operação, enquanto lá foram 1,2 mil pessoas convocadas”, explicou.
Teatro na estrada
O ator, diretor e produtor Rodrigo Daer também seguiu o caminho das cidades goianas para realizar as apresentações teatrais. Atualmente, o governo distrital libera até 50% da capacidade do público em cada sessão.
“No meu caso, que quando se mexe com teatro, por exemplo, não se pode fazer em lugares abertos. Então, aqui fica difícil. A gente respeita a decisão do governador e nossa profissão foi muito atingida, mas temos a questão da responsabilidade social. Para nos mantermos, foi um jeito mais viável de irmos para cidades que estão perto daqui”, contou.
De acordo com Daer, com o respeito às exigências das medidas preventivas, o lucro por cada produção alcança 40% do que era antes da pandemia.
“Num espetáculo normal, entre atores, produção e técnica, contratamos de 10 a 15 pessoas. Ultimamente, caiu porque o público ainda não deu a resposta e acabamos contratando apenas a metade. Com isso, acabamos acumulando funções. Então a pessoa que faz a luz, por exemplo, faz também o som e a gente vai fazendo assim”, continuou.
Para o produtor Pissu, que se dedica ao entretenimento noturno brasiliense, o mercado de shows e festas nos municípios do Entorno tende a crescer ainda mais até que haja a flexibilização das regras do segmento pelo Palácio do Buriti.
“Na minha avaliação, o governo do DF poderia rever as regras do segmento, mas quem decide é o governador, que tem feito um trabalho responsável no sentido de proteger a população e sempre vamos respeitar a opinião dele. As pessoas precisam trabalhar e esse é o principal motivo para termos encontrado essa solução neste momento até que a situação no DF volte ao mais próximo do chamado normal”, acrescentou.
Restrições
O último decreto assinado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) beneficiou diretamente o setor de comércio, especialmente bares e restaurantes do Distrito Federal.
Desde a publicação do texto, que ocorreu nesta semana, os estabelecimentos passaram a funcionar de acordo com o horário autorizado pelo alvará. Houve também aumento da capacidade de público ao reduzir o espaçamento entre as mesas e a liberação do uso de máscaras em estabelecimentos que funcionam em espaços abertos.
Não houve nenhuma indicação, por enquanto, sobre a liberação de festas e shows com pistas de dança. Atualmente, a única liberação é para festivais com público sentado e distanciamento entre os grupos.
A partir de 3 de novembro, conforme o mais recente decreto, as máscaras param de ser obrigatórias em espaços públicos abertos. O uso em ambientes corporativos e em estabelecimentos comerciais e governamentais permanece compulsório.