Presidente da TCB gera crise com distrital após encontro com Arruda
André Brandão é indicado por Rodrigo Delmasso (Podemos) para o cargo. Eles teriam rompido com a possibilidade de candidatura do gestor
atualizado
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Um encontro ocorrido no mês passado entre o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (PR) e o atual presidente da Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília (TCB), André Brandão, estremeceu completamente a relação do presidente da estatal com o padrinho político dele, o deputado distrital Rodrigo Delmasso (Podemos).
Já considerado tradicional, o evento é marcado anualmente para reunir amigos do ex-governador e, na última edição, contou com a presença de importantes aliados de Arruda. A reunião ocorreu no dia 22 de dezembro, na casa do ex-porta-voz do governo Arruda, o jornalista Omézio Pontes, localizada no Park Way.No encontro, André Brandão teria confirmado a intenção de disputar uma vaga para a Câmara Legislativa do Distrito Federal nas eleições deste ano, fato que motivou o descontentamento de Delmasso. A intenção atrapalharia os planos na busca da reeleição do parlamentar. A reunião foi confirmada por pelo menos duas fontes ouvidas pelo Metrópoles.
Um dos presentes foi o deputado federal Izalci Lucas, que preside o Partido da Social Democracia Brasileira no DF. Ex-diretor da Companhia Energética de Brasília, Haroaldo Brasil de Carvalho também esteve no local com o ex-administrador do Guará, Deverson Lettieri. Os dois teriam sido responsáveis pela interlocução entre Brandão e Arruda.
Questionado sobre o encontro com o ex-governador, André Brandão – que já ocupou a Administração do Guará por dois anos na gestão atual – não soube responder com precisão a motivação da conversa. “Não lembro. Faz muito tempo”. Com a insistência da reportagem ao reforçar que a reunião ocorreu há pouco menos de um mês, o gestor confirmou o encontro, o qual classificou como “casual”. “Não sei ao certo como se deu. Lembro apenas que foi um evento social”, disse à coluna.
Candidato a distrital
Com a memória um pouco mais fotográfica, as fontes ouvidas pelo Metrópoles apontaram que o presidente da TCB declarou na oportunidade a intenção de disputar uma vaga para a Câmara Legislativa do Distrito Federal, nas eleições deste ano. “Ele estava em busca de um partido que o abrigasse”, disse um dos participantes da confraternização à coluna. Atualmente, Brandão é filiado ao Podemos, a mesma legenda de Delmasso.
O fato de o gestor estar abrigado no governo de Rodrigo Rollemberg (PSB), um dos principais adversários do ex-governador José Roberto Arruda, não é o suficiente para arrudistas estranharem a presença de André Brandão no evento. “No processo político, é natural que se converse com lideranças conhecidas”, resumiu uma das fontes.
A lógica não é tão clara assim para o deputado distrital Rodrigo Delmasso, que afirmou não impedir as aspirações políticas do aliado, mas disse que precisará reformular a equipe caso a candidatura se confirme. “Nosso grupo espera uma posição para saber o que ele vai decidir. Se Brandão será realmente candidato, não terá como ficar no grupo e onde está”, destacou Delmasso. Brandão ocupa o cargo na TCB por indicação do deputado distrital.
Aliança antiga
Aliados de primeira hora desde a penúltima campanha eleitoral, Delmasso e Brandão passaram a se distanciar, mesmo que de forma não oficial, após os rumores do possível projeto político do presidente da TCB. Apesar de não confirmar, André Brandão disse à coluna não descartar uma eventual candidatura. No entanto, garante ele, pela falta de definição sobre o futuro, permanecerá no cargo que ocupa na gestão Rollemberg.
“Tenho uma história com a política e sempre tive, não é de agora. No entanto, não é momento para falar sobre isso. Não posso dizer que sou candidato, mas não vou dizer que não sou”, despistou.
O aliado de Delmasso reconheceu ter problemas na parceria com o distrital, apesar de descartar o rompimento. “Não vou dizer que os ânimos estão bem, mas não houve até agora nenhum comunicado de ruptura. Até almoçamos juntos na semana passada”, encerrou.
Procurado pela coluna, o Palácio do Buriti preferiu não comentar o caso.