Postos de vacinação vazios alertam GDF; doses serão remanejadas
No grupo por faixa etária, a maior resistência à vacina contra Covid-19 está nas pessoas de 60 a 64 anos no DF
atualizado
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A baixa procura por vacinas contra a Covid-19 nos postos e a pressão para a inclusão de novas faixas etárias na campanha de imunização acenderam o sinal de alerta no Governo do Distrito Federal. Os postos de vacinação em Taguatinga, Lago Sul, Lago Norte, Ceilândia, Núcleo Bandeirante, Itapoã e Guará permanecem vazios durante a maior parte do tempo.
O secretário-chefe da Casa Civil, Gustavo Rocha, avisa que nenhuma dose será perdida. O gestor distrital manda um recado para quem já pode receber o imunizante, mas ainda não vacinou: “Caso as pessoas deixem de comparecer para a vacinação, sem justificativa, essas doses serão remanejadas”.
“Estamos insistindo na conscientização das pessoas sobre a importância da vacinação. Encontramos, em vários grupos prioritários, número considerável de pessoas – inclusive profissionais de saúde e da educação – que, mesmo podendo, não buscam a imunização. Todos aqueles que já podem vacinar devem buscar a correta imunização. Apenas assim vamos avançar no combate à pandemia”, disse o secretário ao Metrópoles.
Nesse sentido, a faixa etária que apresenta maior resistência à vacina compreende as pessoas com idade entre 60 e 64 anos. Segundo os últimos dados disponibilizados pela Secretaria de Saúde, referentes ao período até 23 de maio, 75,9% iniciaram o esquema vacinal, ou seja, receberam a primeira dose. O grupo de comorbidades registra 61.446 vacinados (D1), o que corresponde a 28% de cobertura vacinal.
Além das medidas de reorganização na destinação das doses, o GDF prepara uma campanha com o slogan A pandemia não acabou, para estimular e conscientizar a população sobre a necessidade de vacinar.
Doses em estoque
Segundo o GDF, até a noite de quinta-feira (27/5), a capital federal recebeu 1.238.060 unidades de vacinas. Foram imunizadas com a primeira dose 615.051 pessoas e 315.769 com a segunda aplicação. Isso significa que 307.240 unidades de vacinas estariam disponíveis para aplicação, sem considerar as eventuais perdas, que podem chegar a 10% do total de doses.
Das doses disponíveis, 214.448 estão guardadas na rede de frios da Secretaria de Saúde. Outras, cujo controle não é digitalizado diariamente, ficam nos postos fixos de vacinação (UBS) por um período de até 48 horas.
É importante destacar que o DF manteve a decisão de não utilizar o estoque destinado à segunda dose quando faltou imunizante para a primeira aplicação.
Acompanhe os números da vacinação no DF:
Escolha de vacina
Em reunião da Comissão Especial da Vacina da Câmara Legislativa nessa quinta, Renata Brandão, representando a Secretaria de Saúde, como gerente de Vigilância das Doenças Imunopreveníveis e de Transmissão Hídrica e Alimentar, disse que os brasilienses estão escolhendo vacinas: “Temos percebido que as pessoas agendam e, quando chegam ao posto ou sabem que naquele posto só tem AstraZeneca, recusam-se a tomar”.
Ela alerta que, no caso dos agendamentos, a pessoa que não comparecer na data marcada tem até 10 dias para vacinar. Caso perca o prazo, sem justificativas, vai para o fim da fila. “Aí vai ter que esperar. E a gente não sabe quando chegam novas doses”, ressaltou.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) garantem que a fórmula da AstraZeneca é segura e o evento adverso – formação de coágulos, bastante raro. Até aqui, a taxa é de apenas um caso relatado, a cada 1 milhão de doses da vacina contra Covid-19 aplicadas. Além disso, os coágulos nem sempre são fatais e podem ser solucionados com tratamento.
Outro argumento usado para dirimir eventuais inseguranças é que o risco de ser contaminado pelo coronavírus e falecer em decorrência da Covid-19 é bem maior do que o de morrer por causa de um coágulo. De acordo com uma pesquisa feita pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, a chance de apresentar um coágulo sanguíneo que cause trombose venosa cerebral (TVC) é de 8 a 10 vezes maior depois de ter Covid-19 do que após tomar vacina.
Servidores
De acordo com o secretário de Saúde do DF, Osnei Okumoto, 4.006 servidores da pasta optaram por não receber, até agora, a primeira dose da vacina contra a Covid-19. O titular da pasta distrital anunciou que, dos 32.578 servidores da rede pública de Saúde do DF que deveriam ser imunizados, 28.572 tomaram a primeira dose e 26.034, a segunda.
Pelo menos 22% do público-alvo de profissionais da educação que já poderiam ter recebido a vacinação também não compareceu para tomar a primeira dose do imunizante.
Okumoto reforça a possibilidade de direcionar doses rejeitadas para o público que queira ser imunizado. “A gente nunca vai perder dose no Distrito Federal por vencimento. A gente vai utilizar as doses que nós tivermos em mãos. Temos a responsabilidade de fazer o gerenciamento dessas doses e vamos fazê-los dessa forma, sem perder”, completou.
Segundo o gestor distrital de Saúde, o GDF não prevê qualquer tipo de penalidade para o servidor público que se recusar a tomar a vacina. “É a escolha desses funcionários, é autonomia que o SUS sempre proporciona para todas as pessoas que necessitam dele. Então, um dos dos requisitos básicos da saúde é a autonomia do paciente, para que ele possa escolher qual é o tipo de tratamento que ele vai ter ou não. No caso da vacinação, também”, disse.
A Secretaria de Saúde afirmou que visa priorizar os grupos mais expostos e de maior risco a infecção pelo novo coronavírus, de acordo com os critérios e orientações do Programa Nacional de Imunizações (PNI-MS). “Contudo, a pasta entende que a vacinação não é obrigatória, não cabendo à secretaria medidas além da disponibilização dos imunizantes e da convocação constante dos grupos contemplados.”
Outras faixas etárias
O remanejamento de doses para outras faixas etárias abaixo dos 60 anos ficou mais próximo de se tornar realidade. Isso porque a liberação dessa iniciativa foi aprovada na quinta-feira (27/5), na Comissão Intergestores Tripartite (CIT), composta por gestores municipais, estaduais e federais. A medida, no entanto, só poderá ser realizada quando municípios apresentarem queda na procura pela imunização e garantia de vacinas para os demais grupos prioritários.
Além disso, foi decidido que, paralelamente, o grupo de trabalhadores da educação terá um percentual definido a cada remessa de vacina.
O Distrito Federal vai aguardar orientação oficial do Ministério da Saúde para iniciar a vacinação contra a Covid-19 por faixa etária, em ordem decrescente. “Para essas doses que temos em estoque, não vamos adotar essa medida. Vamos seguir a recomendação nas próximas remessas”, disse o secretário de Saúde, Osnei Okumoto.
A vacinação pela idade foi interrompida no DF e só está liberada para pessoas com 60 anos ou mais e grupos prioritários.