Pizzolato deixa a Papuda para o primeiro dia de trabalho no semiaberto
Preso na Papuda desde 2015, ex-diretor do BB disse a colegas de trabalho ter ficado impressionado com o crescimento de Brasília
atualizado
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Depois de quase dois anos preso na Papuda, Henrique Pizzolato deixou o complexo penitenciário nesta quarta-feira (30/8). Hoje foi o primeiro dia de trabalho externo do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, que migrou para o regime semiaberto e agora é assistente de programação da rádio OK FM. Ele receberá salário de R$ 1,8 mil para trabalhar das 8h às 18h, com direito a duas horas de almoço, e deverá estar de volta à prisão até as 20h.
Pizzolato chegou ao Edifício Assis Chateaubriand, no Setor de Rádio e TV Sul, vestindo roupas brancas — o uniforme dos presos da Papuda. Sobre a mesa de trabalho, havia uma muda de roupas, deixada a pedido da mulher, Andrea Haas.
Uma das pessoas que se encontraram com Pizzolato nesta quarta (30) foi o advogado José Carlos Carvalho, que permaneceu boa parte do tempo ao lado do cliente para “verificar alguns detalhes técnicos”.
“Ele estava apreensivo no começo, mas, pouco tempo depois, seguiu um dia normal de trabalho. Ele está se readaptando à realidade da vida”, disse Carvalho. Ao lado de outros dois advogados, o defensor almoçou com Pizzolato no restaurante Made in Brasil, localizado a 30 metros da sede da OK FM — uma das condições do regime semiaberto é que o detento se afaste mais de 100m do local de trabalho.
Condenação, fuga para a Itália e extradição
Em 2012, Pizzolato foi condenado na Ação Penal 470 — o Mensalão — pelos crimes de corrupção, peculato e lavagem de dinheiro. A pena total foi de 12 anos e 7 meses de reclusão, em regime inicialmente fechado, e 530 dias-multa.
Meses após ser condenado, Pizzolato fugiu para a Itália usando passaporte falso em nome do irmão Celso, morto há 30 anos. Ele foi preso em fevereiro de 2014 na casa de um sobrinho, na cidade de Maranello. Até 28 de outubro daquele ano, o ex-diretor do BB ficou detido na penitenciária de Módena, quando o Tribunal de Bolonha negou sua extradição ao Brasil.
Após recurso, a Corte de Cassação italiana concedeu a extradição. Em outubro de 2015, Pizzolato chegou ao Complexo Penitenciário da Papuda, onde está até hoje. Inicialmente, ele dividiu a cela com outros dois detentos: um idoso condenado por estupro e o ex-chefe da assessoria de Orçamento do Senado José Carlos Alves dos Santos, preso por corrupção passiva. Alves foi condenado a 10 anos e 1 mês de reclusão por envolvimento no escândalo conhecido como “Anões do Orçamento”, que veio a público em 1993.
Posteriormente, Pizzolato passou a dividir cela com Ramon Hollerbach, que cumpre pena de 27 anos por envolvimento no mensalão; e o empresário Luiz Estevão, proprietário da rádio OK FM.