“Para mim, suspenso e cancelado são a mesma coisa”, ironiza Luis Miranda
Autor da denúncia informou que decisão do Ministério da Saúde sobre a compra da Covaxin reforça suspeitas sobre o contrato
atualizado
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Um dos responsáveis por escancarar as denúncias de supostas irregularidades na compra da Covaxin, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) afirmou nesta terça-feira (29/6) que a decisão do Ministério da Saúde de suspender o contrato de aquisição da vacina corrobora a versão apresentada pelo congressista na última sexta-feira (25/6), quando foi ouvido como testemunha na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19.
“Se o governo tinha tanta confiança de que essa vacina não tinha nenhum ilícito no contrato, por que será que suspenderam agora? Ou será que eu estava falando a verdade o tempo todo? Para bom entendedor, um pingo é uma história inteira. Se há pessoas que ajudaram o Brasil a evitar que esse dinheiro fosse para o gargalo, são os irmão Miranda. Isso eu garanti e reforço agora”, disse.
“As palavras suspenso e cancelado, para mim, são a mesma coisa. O governo suspende para depois cancelar depois da investigação. A investigação vai comprovar a mesma coisa que já dissemos”, emendou.
O congressista disse ainda esperar “um pedido de desculpas” por autoridades do governo federal, em especial do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a quem levou a denúncia no dia 20 de março, e ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Onyx Lorenzoni.
“Eu acredito que depois de todo o constrangimento que passei, o mínimo seria um pedido de desculpa. Tentaram trazer para o meu lar a narrativa de que meu irmão [Luis Ricardo Miranda, concursado do Ministério da Saúde] teria prevaricado. Então, por isso busquei a CPI para que a verdade fosse dita e registrada. Fico feliz que o governo tenha reconhecido isso com esse ato”, completou.
Suspensão
Na tarde desta terça, o Ministério da Saúde decidiu suspender o contrato de compra da vacina indiana Covaxin contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. O contrato foi submetido à Controladoria-Geral da União (CGU), que, segundo a pasta, não encontrou irregularidades em uma análise preliminar, mas recomendou suspender para fazer avaliação mais profunda.
A compra da Covaxin centraliza uma série de denúncias, entre elas, a de que o contrato do Ministério da Saúde, no valor de R$ 1,6 bilhão para aquisição de 20 milhões de doses, foi superfaturado.
O recuo foi confirmado pelo chefe da pasta, Marcelo Queiroga, no fim da tarde desta terça-feira (29/6) após um evento no Palácio do Planalto.
Após a fala, a pasta divulgou um comunicado. “Vale ressaltar que o governo federal não pagou nenhum centavo pela vacina Covaxin. A medida não compromete o ritmo da campanha de vacinação contra a Covid-19 no Brasil, já que não há aprovação da Anvisa para uso emergencial nem definitivo do imunizante”, destaca trecho do texto.