metropoles.com

“Não tiveram sensibilidade”, diz mãe de Kyara sobre decisão do Ministério da Saúde

Órgão federal optou por não custear o medicamento mais caro do mundo para a criança de 1 ano diagnosticada com Atrofia Muscular Espinhal

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Imagem cedida ao Metrópoles
kyara kayra pais
1 de 1 kyara kayra pais - Foto: Imagem cedida ao Metrópoles

A família da pequena Kyara Lis de Carvalho Rocha recebeu com tristeza a notícia desta terça-feira (29/9) de que o Ministério da Saúde decidiu não autorizar o pagamento pelo remédio Zolgensma, considerado o mais caro do mundo. Com 1 ano e 2 meses, a criança foi diagnosticada com Atrofia Muscular Espinhal (AME) e necessita do medicamento para que o desenvolvimento da doença seja interrompido. O fármaco é importado e custa cerca de R$ 12 milhões

“Recebi com muita tristeza. Eu acredito que não deveria ter uma judicialização de uma causa como essa. Veja bem, é a doença que mais mata crianças no país, e todas elas que tiveram o diagnóstico deveriam receber o medicamento de forma automática. Infelizmente, não tiveram essa sensibilidade. Agora, nos resta acreditar no Poder Judiciário”, disse Kayra Duarte, mãe do bebê.

Assista: mãe de Kyara comenta decisão do Ministério da Saúde

No último domingo (27/9),  houve uma grande carreata pelas ruas de Brasília com o objetivo de sensibilizar as autoridades responsáveis pela análise do caso de Kyara. É confiando nessa mobilização que os pais da pequena continuam a batalha.

“Que a coragem e a esperança que a gente tem sentido nas ruas, nos apoiadores, possa ser um impulso para que os magistrados determinem o fornecimento do Zolgesma para a nossa filha e para todas as crianças com esse diagnóstico”, disse.

Kayra relata a dificuldade a qual tem encontrado com o objetivo de conseguir salvar a vida da filha. “Mais uma vez, a vida da minha fica à mercê de uma burocracia que não deveria existir. O presidente [Jair Bolsonaro] fala que é a favor da vida, mas se for realmente, deveria chamar a AGU [Advocacia Geral da União] e determinar uma normatização para que o governo arque com esse medicamento contra a doença que mais mata crianças no mundo. No sábado (26/9), perdemos outra criança para a doença. Isso não pode continuar assim”, desabafou.

Ao Metrópoles, a mãe contou que, recentemente, durante uma sessão de fisioterapia, a pequena Kyara engasgou. “Pense no meu coração quando minha filha engasgou. É uma doença que a gente nunca sabe onde está atuando. É muito sofrimento, mas também é tão bom ver como ela, embora tão pequena, tenha tanta força para lutar contra as consequências da AME”, disse.

4 imagens
 Os pais recorreram a uma rifa para custear o fármaco
A bebê com a família
Kyara Lis tem pouco mais de 1 ano de idade
1 de 4

A pequena Kyara foi diagnosticada com AME

Reprodução/Instagram
2 de 4

Os pais recorreram a uma rifa para custear o fármaco

Reprodução/Instagram
3 de 4

A bebê com a família

Reprodução/Instagram
4 de 4

Kyara Lis tem pouco mais de 1 ano de idade

Reprodução/Instagram
Doença degenerativa

A AME é uma doença genética, rara, neuromuscular, grave, degenerativa e irreversível, que interfere na capacidade do corpo de produzir uma proteína considerada essencial para a sobrevivência dos neurônios motores (SRM), responsáveis pelos movimentos voluntários vitais simples, como respirar, engolir e se mover.

O medicamento deve ser ministrado até os 2 anos de idade do paciente. O tempo, portanto, é um severo adversário no caso de Kyara e de outros três bebês portadores da mesma enfermidade. Para se ter ideia, no caso da menina de 1 ano e 2 meses, há grande chance de ela parar de respirar sozinha daqui a dois meses. Em 40 dias, Kyara pode perder, definitivamente, a capacidade digestiva.

Agora, além de Kyara, outras duas crianças do Distrito Federal correm contra o tempo para conseguir, seja por meio de doações ou pelo próprio SUS, a quase inacessível – mas indispensável – medicação. É o caso de Gabriel Montalvão, de 7 meses, e Helena Gabrielle, de 9 meses.

Uma rede de solidariedade tem se formado nas redes sociais, mas a soma ainda está distante da meta milionária para as três famílias.

Pedido negado

Nesta terça-feira (29/0), o Ministério da Saúde decidiu negar o pedido da família e, portanto, não custeará o medicamento Zolgensma para a Kayra Lis, diagnosticada com Atrofia Muscular Espinhal (AME). O remédio custa cerca de R$ 12 milhões e utiliza terapia gênica para frear a doença degenerativa.

A decisão ocorreu após o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Napoleão Nunes Maia Filho ter determinado que a União informasse se forneceria ou não o fármaco para a pequena paciente. Recentemente, a pasta concedeu o valor do Zolgensma para outra criança de Brasília com a mesma doença de Kyara.

Em nota enviada à coluna Janela Indiscreta, o Ministério da Saúde informou que “acompanha a evolução de fármacos e terapias voltados para pacientes com doenças crônicas, raras e de alta complexidade para incorporação de novos tratamentos no SUS, baseados em evidências científicas”.

Ainda segundo a pasta, “no ano passado, após grande esforço, o Ministério da Saúde incorporou ao SUS o medicamento Spinraza, para atender os pacientes com AME tipo I. Apesar da terapia com o Zolgensma ser possivelmente transformadora, faltam conclusões quanto à eficácia a longo prazo, porém a pasta acompanha diariamente os estudos clínicos sobre o tratamento”.

O texto finaliza com a negativa ao pedido dos pais de Kyara. “A decisão do Ministério da Saúde, no caso específico, foi proferida de acordo com os pareceres da área técnica, controle interno e consultoria jurídica os quais apontaram a impossibilidade técnica e jurídica para o atendimento do pedido”.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?