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Mulher repreendida por usar biquíni vai à Justiça contra parque do DF

Defesa de Patrícia Nogueira diz que solicitará “pedido de desculpas” ao Pontão do Lago Sul e que não “pretende qualquer vantagem pessoal”

atualizado

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Pontão do Lago Sul
1 de 1 Pontão do Lago Sul - Foto: Reprodução / Facebook

A defesa de Patrícia Nogueira informou, na tarde desta segunda-feira (10/5), que a servidora pública entrará na Justiça do Distrito Federal após ter sido repreendida em ponto turístico de Brasília. O caso ocorreu na última sexta-feira (7/5) e foi revelado pelo Metrópoles.

Ela andava de bicicleta e decidiu retirar a camiseta, ficando com a parte de cima do biquíni à mostra, fato que fez com que um segurança do Pontão, no Lago Sul, a advertisse sobre a proibição do uso, o qual considerou “traje de banho”. No exato momento da abordagem, contudo, um homem descamisado passa e não é alvo de investida por parte do vigilante do parque, concedido à iniciativa privada.

“Em face do ocorrido, a senhora Patrícia postulará, em juízo, um pedido formal de desculpas por parte da Administração do Pontão e uma indenização, preferencialmente em cestas básicas, a ser vertida integralmente em prol de uma instituição de acolhimento a mulheres vítimas de violência no DF. Não pretende, com o ocorrido, qualquer tipo de vantagem pessoal, mas entende que o constrangimento suportado não pode ser negligenciado”, informou o advogado Danilo Morais.

Segundo ele, Patrícia Nogueira vai propor, no ajuizamento da petição inicial, uma composição civil a título de acordo, para deixar evidente que não busca obter qualquer vantagem pessoal com a medida, desde logo indicando uma entidade assistencial de amparo a mulheres vítimas de violência como beneficiária da indenização pretendida.

“A senhora Patrícia entende que a reparação devida, para além de um mais que justo pedido de desculpas, passa por um ato concreto de demonstração de arrependimento e revisão de práticas por parte da Administração do Pontão”, reforçou.

Responsabilização

O advogado Danilo Morais considerou ser “descabida” a tentativa de imputar ao segurança a responsabilidade pelo ocorrido, “já que este, a seu pedido, chegou a se certificar com seus superiores a respeito da ordem que cumpria”.

“Trata-se de um artifício covarde para tergiversar sobre o episódio lamentável. Seria muito mais condigno à Administração do Pontão, em respeito às usuárias e clientes de suas instalações, assumir o erro e revisar sua postura, evitando novas ocorrências desta espécie em pleno ano de 2021.”

Após a declaração da defesa de Patrícia Nogueira, a reportagem voltou a acionar a administração do complexo gastronômico e turístico de Brasília, a qual  manteve o posicionamento anterior e esclareceu que “não pactua e repudia todo e qualquer tipo de discriminação, seja ela de que natureza for e que não foram repassadas tais regras ao chefe da vigilância”.

“Informamos que o vigilante já foi advertido e a empresa terceirizada de segurança, notificada”, comunicou a administradora do complexo, Sandra Campos.

Entenda o caso

Patrícia Nogueira foi repreendida pelo segurança, na última sexta-feira (8/5), em Brasília, pelo fato de estar usando a parte de cima do biquíni e um short enquanto praticava exercícios ao ar livre, na beira do Lago Paranoá. O caso ocorreu durante um passeio de bicicleta no Pontão, um dos principais cartões postais de Brasília.

A abordagem se deu porque o vigilante do local informou ter sido orientado sobre a proibição de uso de “trajes de banho” por usuários dentro do complexo gastronômico e turístico da capital federal. Contudo, durante a gravação da abordagem, a servidora pública Patrícia Nogueira percebeu a aproximação de um homem sem camisa, sem que fosse igualmente alertado pela equipe de segurança do local. O Pontão afirmou que a abordagem foi equivocada.

“Fui lá, de manhã, pra tomar sol, ver o lago, e aí estava de short e coloquei a parte de cima do biquíni. Desci a blusa e aí o guarda veio, me mandou colocar a camiseta e que eu não podia ficar ali com a parte de cima do biquíni, de short, tênis, máscara, né? Mas a parte de cima do biquíni não podia mostrar. E na hora que ele estava falando isso pra mim, passou um homem andando sem camisa. Aí eu falei, mas ele tá sem camisa e eu não posso ficar com a parte de cima do biquíni? Ele falou, não. Isso é um absurdo, muito grande”, desabafou.

Veja o vídeo:

Abordagem

Segundo Patrícia, o vigilante orientou “de forma educada” que ela colocasse uma roupa de ginástica como forma de respeitar as regras internas do parque.

“Quer dizer, não só eles censuram o nosso corpo como querem me dizer o que eu devo usar, enquanto um homem passa sem camisa ali do lado. Fiquei muito indignada com isso. Eu estava com a parte de cima do biquíni, uma parte de biquíni grande, a diferença daquilo para o top de ginástica seria o quê? Meio grama a mais de tecido? Este é o país em que vivemos”, continuou.

 

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