Médicos da PMDF pedem suspensão de cursos presenciais após contaminações e mortes por Covid-19
Ainda segundo a equipe de especialistas, há risco de “colapso” na unidade de saúde da corporação, caso haja mais militares infectados
atualizado
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Com a expectativa de ser realizado em dezembro, o curso de formação para os aprovados no último concurso da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) de 2018 pode ter o início adiado novamente. Um parecer técnico assinado pelo centro médico da corporação recomenda a suspensão das aulas de treinamento para novos policiais a fim de evitar possíveis infecções por coronavírus.
No fim de novembro, para atender uma promessa, o Governo do Distrito Federal (GDF) convocou 500 aprovados no último certame para iniciar as etapas de ingresso definitivo na corporação. De acordo com a publicação, os futuros militares devem se apresentar no Complexo de Ensino da Polícia Militar (Cepom) no dia 28 de dezembro de 2020, às 14h, para o início do Curso de Formação de Praças.
“Uma vez que propiciam aglomerações, contato interpessoal próximo e prolongado, tornar os cursos de formação em atividade essencial vai de encontro ao que se preconiza como inconteste estratégia de mitigação da pandemia de Sars-Cov-2, aumentando, de forma desnecessária e não previsível, o risco de infecção não só para a Polícia Militar como para toda a sociedade do Distrito Federal”, inicia a manifestação técnica.
Segundo o texto, até o momento, além do uso de máscaras, etiqueta respiratória e higienização das mãos, a única medida comprovadamente eficaz no combate à disseminação do vírus é o distanciamento social.
Dados revelados pelo Metrópoles, no fim de novembro, apontavam que 1.468 militares já tinham testado positivo para a doença, o que representou 78% dos casos entre todos os servidores das forças distritais de segurança. A corporação registrou 12 mortes.
“O corpo de oficiais médicos da PMDF compartilha, com a quase totalidade dos especialistas envolvidos no estudo da pandemia de Sars-Cov-2, a orientação de, na medida do possível, manter-se o distanciamento social, até que se atinja níveis seguros na taxas de transmissão, internação e mortalidade, o que, até o momento, não se confirmou no Distrito Federal”, reforça a equipe da corporação.
Espera
Ainda de acordo com o Centro Médico da PMDF, o essencial é preservar a saúde dos policiais militares, que, no momento, atuam no combate e controle da pandemia de Covid-19, bem como de seus dependentes. Conforme o documento, a realização do curso presencial poderá, ainda, sobrecarregar a unidade de saúde da corporação.
“Nesse sentido, sabe-se que, atualmente, devido à escassez de recursos financeiros, tomou-se a difícil decisão de se priorizar os atendimentos de urgência/emergência em detrimento daqueles eletivos, como última tentativa de assegurar o cuidado mínimo com a saúde dos nossos policiais militares e seus familiares. Ora, iniciar cursos de formação implica necessariamente aumentar o número de usuários de um sistema que se encontra no limite da sua capacidade, fatalmente levando-o ao colapso”, frisa.
Aprovados em 2018, os futuros policiais foram convocados em março, mas a pandemia do novo coronavírus fez com que o GDF suspendesse, entre outras coisas, a continuidade da seleção. Pela previsão do cronograma inicial, duas turmas no curso de formação seriam finalizadas em 2020, uma no início de cada semestre. A primeira leva chegou a ser convocada, mas o chamamento foi suspenso, em março, devido à crise sanitária.
O que diz a PMDF?
Acionada pela coluna, a PMDF destacou que “os protocolos de biossegurança são levados a sério pela Polícia Militar. Especialmente neste curso os cuidados serão redobrados. Por isso, foi feita a redução da quantidade de alunos para 500, a fim de proporcionar uma melhor capacidade do cumprimento dos protocolos e evitar ao máximo a contaminação dos alunos”.
“Existe um impacto orçamentário e um impacto no sistema de saúde, mas isso vai ser absorvido pela Polícia Militar em prol de uma atividade tão essencial como é a nossa. Sabemos da importância disso para a comunidade, inclusive na superação da pandemia, e, por isso, faremos o possível para que o curso transcorra da melhor forma e os protocolos sejam preservados”, completou a instituição.