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Juiz sobre ex-diplomata agressor de mulheres: “Criou cenário de terror”

Declaração consta em sentença proferida contra Renato de Ávila Viana, condenado a 5 anos e 10 meses de prisão por violência doméstica

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1 de 1 renato de avila by ar pessoal - Foto: Reprodução do Facebook

Para justificar a decisão de condenar, em regime fechado, o ex-diplomata Renato de Ávila Viana (foto principal), acusado de agredir mulheres, o juiz substituto da Vara Criminal de Águas Claras Wellington da Silva Medeiros afirmou que o condenado por violência doméstica “criou um verdadeiro cenário de terror” de acordo com o que foi analisado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT).

Ele chegou a arrancar o dente da ex-namorada com uma cabeçada, em 2016. O caso foi revelado pelo Metrópoles.

“O réu jogou a declarante de um lado para outro do apartamento, forçou a mão sobre a boca da declarante e alternava tentativas de beijos com outros tapas. Por fim, depois de o dente da vítima ter caído, o réu o recolheu e disse que ia embora, ameaçando deixar a ofendida ‘desdentada’ (palavras de Joyce), motivo que a impediu de acompanhar o acusado até a casa dele, prolongando, ainda mais, seu sofrimento”, detalhou o magistrado.

Além da condenação, o ex-servidor do Ministério das Relações Exteriores (MRE), desligado após ter respondido a processo administrativo pelas mesmas acusações, teve a prisão preventiva decretada pela Justiça. Para o juiz responsável pelo caso, “o condenado prosseguiu com sua escalada de agressividade, sobretudo contra mulheres”.

Viana estava em prisão domiciliar desde março do ano passado. Para o magistrado, a personalidade do réu é de uma “perversão extremada”. “Trata-se de pessoa com personalidade machista, que vê na mulher mero objeto de satisfação de suas vaidades.” “Há farta documentação que comprova a conduta social superlativamente desajustada do acusado, seja em seus anteriores relacionamentos, seja em seu ambiente de trabalho”, sustentou o juiz.

Ainda de acordo com a sentença, trata-se de uma pessoa com “padrão obsessivo de conduta” pela repetição de comportamentos violentos contra as mulheres. “Vale dizer que a vida adulta do réu foi uma mulher agredida a cada dois anos. Assim, nada me leva a crer que, no próximo namoro não exitoso, o réu admitirá o término da relação pacificamente”, declarou o magistrado.

Ao Metrópoles, a mulher disse que não tinha mais esperanças de que o agressor fosse condenado. “Arrancou o meu implante dentário após já ter quebrado meu dente. Estou feliz, pois confesso que não tinha esperanças de uma condenação. A sentença foi bem fundamentada, o processo estava robusto em provas. Mesmo sem nenhuma assistência jurídica, a verdade prevaleceu”, disse.

Confira:

Histórico de violência

Antes de receber outra condenação por lesão corporal, Renato Viana foi detido em 19 de setembro de 2018, depois de ter sido acusado de agredir outra mulher, que não é a vítima no processo em questão. A polícia chegou a arrombar a porta do apartamento funcional onde Viana morava, na Asa Norte, para intervir em uma briga após denúncias de vizinhos.

Autuado por dano ao patrimônio, desacato, lesão corporal e violência doméstica, Viana foi liberado horas depois de ser levado para a 5ª Delegacia de Polícia (Área Central). Ele pagou cerca de R$ 1 mil de fiança.

Em outubro de 2018, ele acabou preso preventivamente pela Polícia Civil do Distrito Federal. O mandado, referente ao caso da ex-namorada que teve o dente quebrado, foi expedido pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) e assinado pelo Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher do Núcleo Bandeirante.

O ex-diplomata também foi demitido do Ministério das Relações Exteriores, onde ocupava cargo de primeiro-secretário. O desligamento é resultado de processo administrativo disciplinar (PAD) aberto após faltas, improbidade administrativa e denúncias da ex-companheira. Neste novo processo, Renato de Ávila Viana foi condenado pela Justiça do Distrito Federal a 5 anos e 10 meses de prisão por agredir a ex-namorada.

Até a publicação desta reportagem, o Metrópoles não havia conseguido contato com a defesa do ex-servidor. O espaço permanece aberto para futuras manifestações.

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