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General Paulo Chagas sobre Bolsonaro: “Passou a negociar com abutres”

General da reserva do Exército foi candidato ao GDF, em 2018, com apoio presidente da República, mas tem elevado o tom contra o ex-aliado

atualizado

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Paulo Chagas
1 de 1 Paulo Chagas - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Apoiado pelo então candidato Jair Bolsonaro (sem partido) para a disputa ao Palácio do Buriti em 2018, o general Paulo Chagas disparou, nesta sexta-feira (23/4), uma carta aberta para uma lista de transmissão do WhatsApp, na qual tece duras críticas ao titular do Palácio do Planalto. O militar da reserva do Exército tem elevado o tom das declarações em desaprovação à atuação do presidente da República.

No texto longo, com 14 parágrafos, Chagas usa uma espécie de linha cronológica para apontar “fraquezas” de Bolsonaro. O general chega a citar o “despreparo e o descontrole emocional característico de sua personalidade” e até menciona um possível envolvimento da família presidencial com o escândalo do suposto esquema das “rachadinhas”.

“Além disso, para surpresa geral, mesmo com quase três décadas de atividade parlamentar, desde o início dos trabalhos legislativos, em 2019, ficaram evidenciados o desinteresse de Bolsonaro em governar para todos os brasileiros, a sua incapacidade para orientar, unir e manter unida a sua base de apoio no Parlamento e, em especial, a sua inapetência para o trabalho em equipe de forma planejada e estratégica que lhe permitisse conhecer com precisão a situação política, definir os objetivos a serem conquistados, conhecer os adversários e os obstáculos a serem enfrentados bem como avaliar o seu poder de influenciar e de agregar aliados nos dois ambientes do Congresso Nacional”, pontuou.

De acordo com o general Paulo Chagas, o escândalo, que começou tragando o hoje senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), mas que também indicou participação de outros integrantes do clã no suposto esquema, gerou a instabilidade jurídica do mandato presidencial.

“Esta circunstância levou Bolsonaro a negociar segurança com o STF em condições de inferioridade, fato que encorajou os supremos ministros a ultrapassarem, em muito e muitas vezes, os limites da sua competência, para interferir negativamente nas competências do Poder Executivo. Daí para diante, o presidente viu-se dividido entre o compromisso de combater implacavelmente a corrupção e a defensa da sua família, o que nos permitiu concluir que o Brasil, para ele, estava acima de quase tudo, mas não de tudo!”, escreveu.

“Abutres”

O texto aponta que a instabilidade também fez com que Bolsonaro procurasse o apoio do chamado Centrão, conglomerado de partidos que transitam entre as diferentes alas ideológicas do Congresso Nacional.

“Mesmo desprezando, nesta análise limitada e superficial, todo o drama do combate à pandemia, a situação de vulnerabilidade e de fragilidade chegou ao seu clímax no momento em que o Presidente passou a negociar seu mandato com os abutres do Centrão, buscando a garantia da sua conclusão. Hoje, está refém dos que chamava de ladrões no Congresso Nacional, está indefeso diante das arbitrariedades, dos desmandos e das ousadias da politicagem ideológica dos ministros do STF e com o pescoço na guilhotina de uma CPI, criada pelo conluio entre o Legislativo e o Judiciário”, assinalou.

Na carta a amigos, Paulo Chagas também defende o surgimento de um nome considerado como terceira via como opção de voto nas eleições do ano que vem, para evitar a polarização entre Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Triste situação de mais um devaneio, democraticamente sonhado pelo pobre, porém resiliente, povo de Pindorama, o qual (é cedo dizer, mas oportuno apontar) terá, na próxima disputa eleitoral, a oportunidade de revisar as experiências vividas em gestões ideologicamente extremistas e antagônicas (de Bolsonaro e de Lula da Silva) e de compará-las a uma outra opção, comprometida com um ‘Projeto de Nação’, e não com a simples ocupação e usurpação do poder.”

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