GDF exonera comissionados que conseguiram empregos para parentes
Os dois eram executores de contratos do Na Hora com a ATP, empresa terceirizada prestadora de serviços que contratou filhas dos servidores
atualizado
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Os dois servidores comissionados do Na Hora que conseguiram empregos para as filhas na empresa contratada para prestar serviços ao próprio órgão foram exonerados pelo governador Ibaneis Rocha (MDB). A decisão foi publicada no Diário Oficial desta quarta-feira (04/12/2019) e tomada após o Metrópoles revelar a relação entre os gestores do contrato com a terceirizada.
Nilson José Borges e Renato Pinheiro Gomes ocupavam cargos comissionados dentro da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus) e atuavam como responsáveis pelo contrato do órgão com a empresa ATP Tecnologia e Produtos S.A.
Os dois emplacaram as próprias filhas no quadro funcional da companhia contratada, vencedora do pregão eletrônico para prestar serviços de operação, manutenção, recepção, triagem e apoio à gestão das unidades do Na Hora.
Nilson Borges era chefe da Unidade de Gestão Operacional do órgão e um dos responsáveis pelo contrato que ultrapassa o valor de R$ 10 milhões por ano. Pelo cargo, ele recebia o salário bruto mensal de R$ 6.506,35. A filha dele, Cristiane Farias Borges, trabalha como atendente no posto de serviços ao cidadão do Riacho Fundo.
Já Renato Pinheiro Gomes era gerente da unidade do Na Hora em Ceilândia e acumulava a função de executor do contrato com a mesma empresa. Ele tinha rendimento bruto de quase R$ 3 mil. Filha dele, Nathália Emily de Souza Pinheiro também conseguiu emprego na ATP, conforme base de dados do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Ela recebe o público na unidade do órgão localizado na Rodoviária do Plano Piloto.
Pelos serviços, Cristiane e Nathália foram contratadas por um salário líquido aproximado de R$ 1,5 mil. Por lei, a situação não configura nepotismo, mas configura quebra da regra de impessoalidade exigida para ocupantes de cargos públicos.
Servidora continua
Outra servidora que mantinha relações com a ATP conseguiu se manter no cargo. Assessora especial do Na Hora, Ana Carolina Morais foi funcionária por 1 ano e 11 meses da empresa contratada, segundo o LinkedIn, rede social que conecta profissionais.
Após ser nomeada, ela passou a trabalhar no grupo de trabalho criado pela Sejus para elaborar o Termo de Referência para o novo contrato dos serviços atualmente prestados pela ATP. Pelo cargo no órgão, ela recebe quase R$ 4,6 mil.
Outro lado
Questionada por telefone sobre possíveis favorecimentos à família dos gestores públicos, a empresa avisou que não comentaria sobre a vida pessoal de funcionários.
Já a Secretaria de Justiça, na época da denúncia, afirmou que “não controla as contratações de terceirizados pela empresa que presta serviços ao Na Hora, razão pela qual desconhece a situação em questão”.
Ainda conforme a nota encaminhada à redação, a pasta informou que iniciaria os procedimentos para apuração dos fatos e, “em caso de constatação de irregularidades, os responsáveis serão punidos nos termos da legislação em vigor”.