Foi golpe? Pancadaria faz eleição do PT em Planaltina acabar na DP

A eleição interna do Partido dos Trabalhadores (PT), ocorrida no domingo (22/09/2019), virou caso de polícia. Literalmente. De acordo com boletim de ocorrência ao qual o Metrópoles teve acesso, a militante Alaíde Oliveira Siqueira, 50 anos, disputava o comando da zonal partidária e solicitou recontagem, em razão de uma pequena diferença de dois votos. O local de votação era de acesso restrito aos representantes das chapas e da comissão eleitoral.

O pedido teria causado revolta em um grupo liderado por Nayara Ohana Fernandes Lopes, 32, que supostamente invadiu a sala de apuração com palavras de ordem: ”Não vai ter golpe!”. Mas acabou tendo.

Aliados de Alaíde afirmaram à polícia que a irmã da candidata levou puxões de cabelo da acusada. Foi então que militante tentou separar a briga, mas – segundo consta – levou um soco na boca e também um chute na virilha dados por Nayara. “Além disso, ela me chamou de ‘burra’, ‘idiota’ e outras coisas”, disse à coluna. A vítima afirmou que o golpe atingiu uma prótese dentária e precisará ser trocada. O caso é investigado pela 16ª Delegacia de Polícia.

Nayara Ohana trabalha como comissionada na Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan-DF). Ela é chefe dos órgãos colegiados, setor ligado diretamente à presidência da entidade. Ele recebe mensalmente mais de R$ 7 mil líquidos pela função.

Alaíde esteve na manhã desta segunda-feira (23/09/2019) no Instituto Médico Letal (IML) para exame de corpo de delito.

“Esse PT deles me envergonha”

Em vídeo distribuído pelas redes sociais, o deputado distrital Chico Vigilante (PT), apoiador da candidatura de Alaíde, criticou as dissidências internas do partido e afirmou que o grupo invasor teria o apoio do ex-deputado distrital Ricardo Vale (PT) e do ex-secretário de Administração Wilmar Lacerda.”Esse não é o PT que eu quero. Esse PT deles me envergonha. Enquanto deputado e fundador do partido, estou entrando com recurso no diretório nacional para a anulação dessas eleições. Enquanto lutamos por Lula Livre, lamentavelmente presenciamos agressões deste tipo contra verdadeiros petistas”, disse o parlamentar.

Veja o vídeo:

O outro lado

O Metrópoles tentou contato com a servidora Nayara Ohana no telefone indicado no site do governo, mas não houve retorno. Pelo fato de a acusada ser servidora comissionada, a Codeplan foi questionada pela coluna e, por nota, o órgão informou que “aguarda investigações de autoridades policiais para, caso seja cabível, tomar providências”.

Após a publicação da reportagem, a servidora encaminhou nota alegando que, na verdade, ela foi a vítima na confusão. “É estranho que mesmo depois de sofrer violência verbal e física outras tantas agressões ainda estejam ocorrendo. Desde ontem, tenho recebido de forma covarde diversos ataques nas redes sociais, além de perseguição na minha vida profissional, que não tem nenhuma relação com a militância política que tenho fora do horário de trabalho”, disse.

O ex-deputado distrital Ricardo Vale também se manifestou por nota e disse que a confusão se causou pelo fato da chapa concorrente não ter aceitado a derrota no pleito. “Foi uma vitória do diálogo contra uma estrutura ‘monstruosa’ de grupos políticos que se intitulam ‘donos do partido no DF’ pois são detentores dos mandatos petistas atualmente”, disse em referência a Vigilante e a também distrital Arlete Sampaio (PT), ambos apoiadores de Alaíde.