Faltam luvas e até anestésicos no Hran, referência no combate à Covid-19
Documento revela ainda que relaxante muscular está escasso no estoque da unidade, mas Secretaria de Saúde nega
atualizado
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No auge da pandemia e com mais de 1,5 mil óbitos em decorrência de complicações causadas pelo novo coronavírus, o Hospital Regional da Asa Norte (Hran), principal referência no tratamento à doença, sofre com o desabastecimento de insumos indispensáveis para os procedimentos emergenciais em pacientes com síndrome respiratória aguda do Sars-Cov-2.
Documento obtido pelo Metrópoles revela o desespero de servidores da Gerência de Assistência Cirúrgica da unidade hospitalar ao relatar a falta de materiais básicos de rotina – como luvas e aventais –, mas também a insuficiência no estoque de medicamentos indispensáveis para procedimentos cirúrgicos e intubação orotraqueal. São drogas anestésicas, vasoativas e cloreto de suxametônio, por exemplo, uma espécie de relaxante muscular que auxilia a equipe médica a tranquilizar os pacientes durante
O memorando destinado ao Núcleo de Farmácia da unidade hospitalar foi assinado na segunda-feira (3/8) e apela para que os gestores auxiliem na liberação dos pedidos, uma vez que as equipes estariam “sobrecarregadas e cansadas”.
“Cumpre-me informar que a unidade de centro cirúrgico está sofrendo com a falta de alguns insumos como: avental cirúrgico descartável estéril, drogas anestésicas, drogas vasoativas e cloreto de suxametônio. Os mesmos são importantes para a realização de procedimento cirúrgicos e intubação orotraqueal, principalmente em momento de pandemia”, registra o documento.
De acordo com o texto, quando o Hran foi escolhido como hospital de referência para atendimento aos pacientes portadores da Covid-19, todas as cirurgias eletivas foram suspensas, o que levou os anestesiologistas a formarem um “time” de resposta rápida para intubação traqueal, procedimento emergencial para salvar pacientes com insuficiência respiratória.
“Foi desenvolvido protocolo seguro de paramentação para procedimentos de alto risco de contaminação de servidores, como a intubação traqueal. Os profissionais se preparam (se paramentam com EPIs – avental cirúrgico – gramatura 50, luva cirúrgica, máscara N95 e protetor facial) no ambiente do centro cirúrgico e, desta forma, comparecem ao local de execução do procedimento em condições de pronta resposta ao evento de emergência”.
Segundo os servidores, a mesma rotina é feita com as drogas para indução e relaxamento muscular que proporcionam condições ideias para intubação traqueal segura e sem acidentes, com menor risco de contaminação.
“Esta rotina tem evitado desentendimentos entre equipes que se encontram, nesse momento, sobrecarregadas e cansadas”, finaliza.
O que diz a Secretaria de Saúde?
Por meio da assessoria de imprensa, a direção administrativa do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) negou qualquer desabastecimento dos itens citados nos estoques da unidade.
“O que está ocorrendo é um rígido controle, que está sendo feito justamente para melhor administração do estoque. Desta forma, o Hran pode atender todas as equipes de assistência direta aos pacientes internados”, frisa.
A nota ressalta ainda que “o Centro Cirúrgico do hospital está desativado desde o início da pandemia do novo coronavírus, quando a unidade foi declarada como referência para o enfrentamento à Covid-19”.