Estoque de Azitromicina zera na Secretaria Saúde do DF
Pacientes que necessitam de antibiótico usado em infecções denunciaram desabastecimento na rede local ao Ministério Público de Contas
atualizado
Compartilhar notícia
Geralmente receitada para o tratamento de bronquite e pneumonia, sinusite, infecções de pele e até mesmo de algumas doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), a azitromicina está zerada na rede pública de saúde do Distrito Federal desde junho do ano passado.
Embora já desmentido amplamente por cientistas, o medicamento ganhou os holofotes mundiais após o então presidente norte-americano Donald Trump ter afirmado que, associado à cloroquina, o medicamento poderia ajudar no tratamento da Covid-19. O posicionamento do republicano foi registrado a partir de março do ano passado.
Documentos recentes da Secretaria de Saúde ainda fazem menção à fórmula dentro do pacote dos “itens destinados ao combate à Covid-19”. Há alguns dias, o próprio Ministério da Saúde retirou do ar a recomendação para uso desses fármacos, incluindo ainda a hidroxicloroquina, no “tratamento precoce” contra a doença.
O desabastecimento do antibiótico chamou a atenção do Ministério Público de Contas (MPC), após recebimentos de denúncias protocoladas por pacientes diagnosticados com fibrose cística, outra enfermidade tratada pela azitromicina.
“Este MPC-DF encaminhou o Ofício nº 136/2021-G2P à Secretaria de Estado de Saúde questionando se há desabastecimento do referido medicamento; e, nesse caso, solicitando esclarecimentos a respeito de quais as providências que estão sendo adotadas, para solucionar o problema, evitando a interrupção do tratamento. Em resposta, a SES/DF, por meio do Ofício nº 4259/2021 – SES/GAB, informou haver desabastecimento nos estoques centrais desde junho/2020”, registrou a procuradora Cláudia Fernanda em documento encaminhado à Defensoria Pública do Distrito Federal.
Veja documentos:
Resistência
Mesmo sem que nenhum estudo científico referende o uso do remédio para evitar a infecção pela Covid-19 ou até mesmo para reduzir as chances de evolução dos quadros para aqueles mais graves, o antibiótico, muito por posicionamentos de autoridades sem respaldo oficial, ainda tem sido consumido durante a atual pandemia.
A principal preocupação é que se crie resistência ao medicamento, o que significa, segundo especialistas declaram, que ele poderá não funcionar para tratar outras infecções. De acordo com a Secretaria de Saúde, contudo, o medicamento que exige prescrição médica é padronizado para atendimento hospitalar e atenção básica.
“Nos últimos dois pregões eletrônicos (245/2019 e 286/2020), a pasta não houve êxito na aquisição do medicamento, no entanto, foi inserido em novo processo de aquisição, no qual está homologado e o processo em fase de formalização da nova Ata de Registro de Preço”, informou a secretaria. “Além disso, há também processo emergencial para aquisição do medicamento”, completou.