Entrevista: “Vou tapar o nariz e votar no Bolsonaro”, revela Weintraub
Durante conversa com Metrópoles, ex-ministro da Educação e ex-aliado do presidente disse que eleição será definida apenas no 2º turno
atualizado
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Cotado até então para disputar o governo de São Paulo, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub (PMB) decidiu, na última hora, abrir mão do projeto para, ao lado do irmão Arthur Weintraub (PMB) – ex-assessor especial de Jair Bolsonaro (PL) – disputar duas cadeiras da Câmara dos Deputados.
Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, o ex-aliado do atual presidente da República explicou que foi uma alternativa encontrada para, com a projeção que espera ter em votos, consiga eleger com eles uma bancada mais conservadora para o Congresso Nacional no ano que vem.
A decisão também ocorreu após um movimento de velhas lideranças paulistas contra o crescimento, segundo ele próprio, do nome para disputar o Palácio dos Bandeirantes.
“Assim, a gente consegue não somente eleger a mim e meu irmão. Se eu conseguir um milhão [de votos] e Arthur conseguir 350 mil e mais dois candidatos com nosso perfil, a gente elege quatro ou cinco deputados. Eu acho factível. Com isso, a gente se viabiliza como uma liderança para defender os valores conservadores e de direita que estão sendo abandonados”, explicou.
Veja a entrevista na íntegra:
A atuação no governo chegou a ter reconhecimento de alcançar um dos postos mais próximos a Bolsonaro, mas Weintraub conta que a “chave virou” aos poucos, principalmente após aliados do Planalto terem espionado a vida pregressa do então ministro.
Também comparou integrantes do atual governo com escândalos como o que envolveu um suposto imóvel atribuído ao filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Eu odeio ladrão, odeio corrupto, tenho nojo dessas pessoas. Começou a ter fortes indícios de corrupção e sinais de enriquecimento de membros da família Bolsonaro. A porrada que mais me machucou foi quando eu via casa de Flávio Bolsonaro e do Renan Bolsonaro. O grande tapa na cara foi a viagem que o Flávio fez para Mônaco para assistir o Grande Prêmio (de Fórmula 1)”, disse.
Briga entre Lula e Bolsonaro
Crítico ferrenho a Luiz Inácio Lula da Silva e opositor constante ao Partido dos Trabalhadores, Weintraub não poupou munição contra o ex-presidente, principalmente pelas suspeitas, segundo ele, de corrupção “biolionária” e que nunca foram esclarecidas.
“Reviraram o lixo do Lula e encontraram vinhos de R$ 3 mil no dia a dia [revelado por Rodrigo Rangel, do Metrópoles]. Ele dando tchau e ele tinha uma relógio de ouro. Ele é uma entidade do mal, com poderes sobrenaturais. O Bolsonaro é um vizinho que é bonachão, engraçado e que se corrompeu quando teve acesso ao poder (…). Não considero ele tão mal quanto o Lula”, aponta.
Weintraub também diz que Ciro Gomes não é tanto quanto, mas se aproxima do que representa o ex-presidente Lula. E, pelo cenário dos atuais postulantes, repetiria o voto em Bolsonaro, já que disse não concordar com anulação de votos na eleição que, segundo avaliou, terá dois turnos.
“Eu nunca votei no PT na minha vida. Ciro Gomes, para mim, não chega a ser tão ruim quanto o PT, mas muito próximo. Vou tapar o nariz, porque não anulo voto, e vou votar no Bolsonaro, mas sabendo o que ele é, o que aquela família representa. No segundo turno, a mesma coisa. Não estou recomendando voto e nem vou pedir voto para Bolsonaro. Se fosse Alckmin e Lula, eu taparia o nariz e daria o voto ao ‘merendeiro'”, cravou.
Jogo duplo com STF
Weintraub também comparou sua situação com o Supremo Tribunal Federal (STF) ao do deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) e disse que teve a cabeça “entregue” por Bolsonaro aos ministros da Corte.
“Existe um jogo duplo. No meu afastamento, eu estava sendo investigado por crime contra a segurança nacional. A diferença que vejo que eu sou uma pessoa que ameaça demais as estruturas”, aponta.
Segundo ele, esse contexto torna ele e o irmão mais ameaçadores ao sistema. “O que eu fiz foi fazer um comentário numa reunião fechada, sem citar nomes. O Daniel fez de forma aberta. Acho que o presidente joga esse jogo de uma hora bater e outra hora assoprar. Ele serve como um fantoche, distraindo a militância enquanto as pautas avançam”, argumenta.