Emocionado, Parente desabafa sobre exoneração: “Aliviado, mas triste”
O ex-secretário de Educação agradeceu a Ibaneis pela oportunidade e disse que seguirá outros projetos. Ele deixou o cargo na segunda-feira
atualizado
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Exonerado da Secretaria de Educação em meio às polêmicas que envolvem a implementação das escolas de gestão compartilhada com a Polícia Militar do DF, Rafael Parente conversou com a coluna na tarde desta terça-feira (20/08/2019). O agora ex-gestor vem recebendo apoio nas redes sociais, até de gente que criticava sua atuação, encerrada no fim da noite dessa segunda-feira (19/08/2019). “Soube por vocês [Metrópoles]”, confidenciou, referindo-se à saída do Governo do Distrito Federal (GDF).
“Eu estou numa mistura de sensações. Triste pelo projeto ter sido interrompido, mas aliviado por terem tirado um elefante das minhas costas. Algumas situações deixam o ambiente institucional muito tóxico. O servidor de bem, que quer realizar, acaba sendo obrigado a lidar com a burocracia e com a politicagem no governo para conseguir fazer um bom trabalho”, disse. “Só para se ter ideia, um terço dos cargos da secretaria são de indicações políticas, sem nenhum tipo de afinidade com a área. É triste”, lamentou.
Assíduo nas redes sociais, em especial no Twitter, Parente atualizou seu status como “ex-secretário” em seu perfil, que reúne 23,4 mil seguidores. Segundo ele, foi uma surpresa a solidariedade dos internautas e também dos servidores do quadro efetivo da pasta.
Até deputados, aliados e de oposição ao GDF, se manifestaram. “Rafael, independentemente de nossas divergências ao longo do processo, gostaria de elogiar sua postura em defender a democracia e a deliberação da comunidade escolar. Em tempos difíceis, a divergência é normal, mas a imposição autoritária é o fim da democracia”, escreveu o distrital Fábio Felix (Psol), protagonista de recente embate com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).
“Sempre senti um apoio enorme do corpo da rede [pública]. Tenho recebido inúmeras mensagens lindas. Acho que já foram umas 5 mil, muitas delas elogiando o nosso trabalho, e outras me dando apoio. Tanto a sociedade quanto a rede reconheceram a nossa vontade de trabalhar e a entrega de resultado, apesar do pouco tempo. Isso não tem preço e agradeço a comoção”, disse.
Filho do ex-ministro e ex-presidente da Petrobras Pedro Parente, o agora ex-secretário cresceu em ambiente político. Talvez por isso, ele não descarta voltar a atuar na área pública novamente. “Não estou aqui por dinheiro ou poder. Estou pela causa. Nunca tive uma posição tão privilegiada, e isso eu devo agradecer ao governador. Desde que me confiou a função, decidi devolver um bom trabalho. Isso me dá alívio, mas a tristeza de se interromper este projeto é inevitável”, disse, emocionado.
Sobre perspectivas, Parente confidenciou à coluna que já foi sondado para novas possibilidades. “A Cláudia [Costin, ex-ministra de Fernando Henrique Cardoso e ex-secretária municipal de Educação do Rio] tem um projeto com a Fundação Getulio Vargas para apoiar vários sistemas de ensino. Quem sabe a gente não traga um braço do projeto para cá?”, diz Parente, PhD em educação.