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DF quer cuidar de acervo desprezado por presidente da Palmares

Ofício encaminhado pelo secretário de Cultura, Bartolomeu Rodrigues, ao ministro do Turismo ressalta interesse do GDF pelas obras históricas

atualizado

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Renato Araújo/Agência Brasília
Bartolomeu Rodrigues, secretário de Cultura do DF
1 de 1 Bartolomeu Rodrigues, secretário de Cultura do DF - Foto: Renato Araújo/Agência Brasília

O secretário de Cultura do Distrito Federal, Bartolomeu Rodrigues, solicitou ao ministro do Turismo, Gilson Machado, nesta terça-feira (15/6), que o acervo da Fundação Palmares desprezado pelo atual comando da entidade seja abrigado e cuidado pela equipe da Biblioteca Nacional de Brasília, que é administrada pela pasta.

O pedido surge após o presidente da entidade, Sérgio Camargo, anunciar pelo Twitter que pretende se desfazer de mais da metade das obras por enxergar conteúdo alheios à questão racial no país.

“A Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa tem um trabalho primoroso quanto à restituição e o zelo de acervos. Não podemos deixar de ter um lote como esse em nossa salvaguarda, a exemplo dessa raridade ‘Dicionário de Folclore Brasileiro’, do historiador Câmara Cascudo, uma obra clássica que redimensionou a cultura nacional”, destacou.

Bartolomeu Rodrigues também argumentou o pedido, visto que o referido acervo foi considerado não adequado para ser mantido pelo órgão federal “por razões ideológicas”, de acordo relatório elaborado pela própria Fundação Palmares. Segundo Camargo, o acervo conta com 9.565 títulos, dos quais 46% são de temática negra, enquanto 54% são de temática alheia à negra.

“Queremos receber essas obras, colocá-las em quarentena, avaliar o estado físico de cada uma, seguir os trâmites de higienização e restauro do que for necessário, e encaminhar para consulta pública as obras que tiverem aptas”.

Diligências

Nesta terça, a Câmara dos Deputados aprovou um requerimento que autoriza a realização de diligência nas instalações da Fundação Cultural Palmares. A solicitação foi analisada pela Comissão de Cultura e é de autoria das deputadas Erika Kokay (PT-DF) e Benedita da Silva (PT-RJ).

A proposição pretende averiguar as condições estruturais da nova sede, bem como as de preservação e conservação integral de todo acervo histórico e institucional da instituição.

Em 2020, a Palmares firmou termo com a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), com duração de 10 anos, para transferência da sede e de todo o acervo documental museológico, documental e arquivístico para um antigo prédio da empresa, localizado na 702/703 Norte, em Brasília.

Denúncias apontam que o prédio estaria tomado por infiltrações e avarias das mais diversas e que a transferência do acervo da Palmares começou a ser feita sem que qualquer reparo fosse feito.

“O estado precário de conservação do imóvel oferecido pela cedente representa uma verdadeira temeridade e ameaça à preservação e manutenção do referido acervo, contribuindo assim para a perda definitiva de documentos que representam valores histórico-culturais da cultura afrodescendente”, argumentou o requerimento.

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