Deputado diz que voto impresso quer “contestar resultado das eleições”
Israel Batista integra como titular a comissão especial que analisa o tema e disse que proposta tenta “subverter o regime democrático”
atualizado
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O deputado federal Professor Israel (PV-DF) afirmou, nesta terça-feira (3/8), que a investida do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso é para “contestar o resultado das eleições”. Ele assumiu a vaga na comissão especial que analisa o tema como substituto da deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF).
O congressista reforçou o posicionamento de ser contrário à aprovação do relatório assinado pelo deputado federal Filipe Barros (PSL-PR), o qual ainda não contabilizou apoiadores suficientes para que o texto seja deferido na comissão especial que analisa o tema.
“O objetivo desse projeto é, sem sombra de dúvida, contestar o resultado das eleições. Com esse voto, sendo auditável ou não, haverá contestação da próxima eleição. O presidente Bolsonaro já tomou essa decisão seguindo o manual dos autoritários. A intenção é subverter o regime democrático”, disse.
De acordo com Professor Israel, a bandeira erguida pelo bolsonarismo tenta criar uma estratégia para evitar a derrota, segundo o deputado, de Bolsonaro no ano que vem.
“Com a possibilidade de ter tempo para mobilizar os baderneiros que costumam dar muito apoio a esse governo, mobilizar clubes de tiro, mobilizar policiais militares nos estados para tentar evitar algo que parece cada vez mais inevitável, que é uma fragosa derrota do presidente Bolsonaro nas próximas eleições. Presidente esse que foi eleito por 28 anos deputado federal por urnas eletrônicas, tendo um filho senador, o outro deputado federal e o outro vereador, todos por urnas eletrônicas”, disse.
Relatório
O relatório do parlamentar deve ser lido e votado na próxima quinta-feira (5/8). Para que seja aceito, o texto precisa ser aprovado pela maioria simples dos 34 membros do colegiado. Após aprovação na comissão, a proposta vai ao plenário da Câmara e, caso avance, irá ao Senado Federal. Para valer já nas eleições de 2022, a matéria precisa ser promulgada até outubro deste ano.
A expectativa anterior ao recesso parlamentar era de que a proposta não seria aprovada. Se não fosse a manobra adotada pelos deputados governistas para adiar a apreciação do tema, o voto impresso já teria sido enterrado no colegiado.
A estratégia governista permitiu que a votação da matéria ficasse para depois do recesso parlamentar. Durante o período, Barros se articulou nos bastidores em prol do andamento do texto – e Bolsonaro colocou o Centrão (bloco de partidos de centro e centro-direita) no coração do governo.
Com mais tempo para trabalhar no relatório, o deputado avalia que a tendência é de que o cenário mude e, consequentemente, a PEC não seja rejeitada pela maioria da comissão especial.