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Defensores da preservação de Brasília são homenageados na CLDF

Entre os nomes escolhidos na solenidade do Dia do Patrimônio Cultural, está a colunista do Metrópoles Conceição Freitas

atualizado

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Ascom/Arlete Sampaio
Homenagem-CLDF
1 de 1 Homenagem-CLDF - Foto: Ascom/Arlete Sampaio

Personalidades reconhecidas pela luta em defesa de Brasília foram homenageadas, na noite desta quarta-feira (14/08/2019), pela Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Em sessão solene para celebrar o Dia do Patrimônio Cultural, data criada pela própria Casa por meio de lei, como um marco pela preservação das características originais da cidade idealizada pelo urbanista Lúcio Costa e inaugurada pelo presidente Juscelino Kubitschek.

O trabalho foi conduzido pela deputada Arlete Sampaio (PT), autora da lei da data comemorativa e também do requerimento que escolheu 23 nomes da cidade, atuantes em diversas áreas. Colunista do Metrópoles, a jornalista Conceição Freitas foi uma das condecoradas, assim como José Carlos Córdova Coutinho, primeiro professor emérito da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de Brasília. Ambos foram escolhidos para representar os homenageados e defenderam um maior “cuidado” à preservação da nova capital, constantemente ameaçada por diferentes governos.

“Olhando para essas pessoas, fico pensando que esta cidade é sem par no mundo. Somos todos desgarrados de nosso lugar original. Há em nós um sentido de ausência, de busca, de estranhamento, mas em Brasília esse sentimento é cotidiano, continuo e inescapável”, observou Conceição, também conhecida como “a cronista amorosa” da cidade. “Brasília nos provoca o tempo todo para que aqui reaprendêssemos a viver. Brasilia é a busca do sentido”, continuou. Ao final de sua fala, a jornalista lembrou trecho de obra da escritora Clarice Lispector, que também escreveu sobre a capital. “Os dois arquitetos não pensaram em construir beleza, seria fácil; eles ergueram o espanto deles, e deixaram o espanto inexplicado. A criação não é uma compreensão, é um novo mistério”, parafraseou.

Também em defesa da história de Brasília, o urbanista José Carlos Córdoba Coutinho lembrou da necessidade de uma “sobrevivência cultural” da cidade. “De longa data, nos preocupamos com o destino que esta cidade terá, uma cidade jovem, que ainda não completou seus 60 anos. Seu processo dinâmico de crescimento se derramou além dos seus limites físicos. Tudo isso é Brasília, não  apenas o desenho do Plano Piloto. Aliás, o próprio Lúcio Costa dizia que na Rodoviária do Plano estava a verdadeira Brasília. Brasília é a população que aqui chega e daqui se dispersa para vários cantos. Não apenas a Brasília formal que nos preocupamos, a de [Oscar] Niemeyer, a do museu a céu aberto, mas também a Brasília habitada por tantas pessoas. São elas as herdeiras legítimas dessa grande obra que é nossa cidade. A mesma que nós amamos, não por sentimentalismo, mas como forma crítica, porque não queremos que se perca por interesses imobiliários e que aos poucos vai se perdendo de sua própria história”, lembrou o urbanista.

Homenagem póstuma

Autora da sessão, Arlete Sampaio fez homenagem póstuma a outros nomes que também atuaram na história e na defesa da capital. “Fazendo Justiça à memoria das pessoas desta cidade, não podemos esquecer de Cláudio Santoro, que faria 100 anos, do citarista Avena de Castro, da atriz Dulcina de Moraes,  de Seu Teodoro do Bumba Meu Boi, do fotógrafo Gervásio Batista, do violeiro Badia Medeiros, do famoso palhaço Ary Para Raios, das arquitetas Cristina Jucá e Briane Bicca, além de Andrade Junior”, enumerou a distrital.

Convidada da sessão solene, a deputada federal Érika Kokay (PT-DF) afirmou que Brasília está além da Esplanada e da Praça dos Três Poderes. “Esta cidade não é tapetes e gabinetes. Esta cidade tem cheiro, vida, história e amor pulsante”, discursou. Contra os riscos de desconfiguração do projeto original de Lúcio Costa, o que ameaça não apenas o tombamento, mas também o título de Patrimônio Cultural da Humanidade concedido pela Unesco, a parlamentar foi assertiva:  “Vamos continuar resistindo, com nossa história, nossas cores, nossas dores, mas também com nossas afetividades e nossas diversidade”.

Homenagem

O Dia do Patrimônio Cultural foi escolhido por coincidir com a data de nascimento do jornalista Rodrigo de Mello Franco, que comandou o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN, atual Iphan), da sua fundação em 1937 até 1967. Ele morreu em 1969 e foi o responsável pelo primeiro tombamento de Brasília: o Palácio do Catetinho. O dia faz parte do calendário oficial de eventos do DF e também do calendário escolar distrital.

Os homenageados da sessão solene, segundo a organização, “contribuíram para a cultura e a história do DF”. Além de Conceição e de Coutinho, receberam a moção honrosa da Câmara Legislativa: Márcia Acioli, Wagner Pacheco Barja, José Leme Galvão Júnior, Sílvio Cavalcante, Benny Shvarsberg, Hélio Doyle, Frederico de Holanda, Beth Ernest Dias, Jaime Ernest Dias, Zuleika de Souza, José Roberto Bassul, Edileuza Fernandes da Silva, Erasto Fortes Mendonça, Mestra Maria Sena, Mestra Martinha do Coco, Tico Magalhães, Nilson Rodrigues e Luis Jungmann Girafa.

Brasília desconfigurada

Nas últimas semanas, o Metrópoles vem publicando uma série de reportagens com o objetivo de alertar a população sobre os riscos de se alterar o projeto urbanístico da área tombada de Brasília. Recentemente, o Governo do Distrito Federal anunciou que enviaria à Câmara Legislativa uma proposta de mudança no Setor de Indústrias Gráficas, o que poderia abrir um precedente perigoso para futuras adequações no projeto de Lúcio Costa. Com a má repercussão do tema entre a população, o governador Ibaneis Rocha (MDB) recuou e solicitou mais “estudos” para a área técnica do governo antes de submeter a medida à aprovação dos deputados distritais.

 

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