Conselho de Ética adia há um mês decisão sobre “deputado da tatuagem”
Análise de parecer pedindo admissibilidade de acusação contra deputado Wladimir Costa (SD-PA) por assédio foi novamente postergada
atualizado
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O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados adia há um mês a votação do parecer pela admissibilidade da representação contra Wladimir Costa (SD-PA), o “deputado da tatuagem”, por assédio à jornalista Basília Rodrigues. A sessão de análise do relatório marcada para esta quarta-feira (29/11) chegou a ser iniciada, mas foi suspensa devido ao início da ordem do dia no plenário da Casa. Uma nova reunião está marcada para a próxima terça (5/12).
De autoria do deputado Laerte Bessa (PR-DF), o relatório sobre a representação feita pelo PSB contra Costa foi apresentado ao conselho no último dia 7. Devido a um pedido de vistas feito por dois deputados, no entanto, a votação do documento só pôde ser pautada para o dia 21 deste mês. Desde então, a apreciação entrou na pauta da comissão quatro vezes. Uma delas foi cancelada pelo presidente do conselho, enquanto as outras três foram encerradas por falta de quórum.
Wladimir Costa ganhou visibilidade após aparecer em um evento sem camisa, exibindo uma tatuagem em que estava escrito “Temer”. O fato ocorreu às vésperas de a Câmara apreciar a primeira denúncia formulada contra o peemedebista pela Procuradoria-Geral da República. Ao ser questionado por jornalistas sobre a “homenagem”, Costa afirmou que o desenho era definitivo. Dias depois, mudou a versão e contou que a imagem era temporária e havia sido feita com henna.
Enquanto ainda havia dúvidas se o desenho era permanente ou não, durante um jantar entre parlamentares, a jornalista da rede CBN pediu ao deputado que mostrasse a tatuagem com o nome do presidente. Como resposta, escutou: “Pra você, [mostro] só se for o corpo inteiro”. Na época, Basília compartilhou um relato nas redes sociais: “Havia outros deputados, jornalistas e até câmeras de TV focados nele. Mas nada disso ‘evitou’ uma gracinha ou uma ‘desgracinha’ machista. Parlamentares constrangidos vieram me pedir desculpas pelo comportamento do nobre colega”.
“O que você quer que eu faça?”
A previsão do presidente da comissão, Elmar Nascimento (DEM-BA), é que o relatório seja votado na próxima semana. O deputado negou que o colegiado esteja protelando a análise do parecer. “O que você quer que eu faça? Coloque um revólver na cabeça de cada deputado e obrigue ele a vir?”, respondeu. Segundo Nascimento, mesmo que o processo não seja apreciado até o recesso parlamentar em dezembro, o caso segue no Conselho de Ética até o fim do mandato de Costa.
O deputado Wladimir Costa também sofre uma representação protocolada contra ele pelo PT, na qual é acusado de ter compartilhado fotos da filha da deputada Maria do Rosário (PT-RS) em um grupo no WhatsApp composto por membros da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara. Na mensagem, o parlamentar fez comparações entre a jovem e filhos do também deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) – veja abaixo:
O voto apresentado pelo relator João Marcelo Souza (PMDB-MA) foi, contudo, pelo arquivamento dessa segunda denúncia. Segundo Souza, não foi possível comprovar, por meio da companhia telefônica, que o número de telefone informado na acusação pertencia a Costa.
Na reunião desta quarta-feira (29), o deputado Léo de Brito (PT-AC) pediu que Souza reconsiderasse o relatório pela inadmissibilidade do processo, solicitando a adição de novos documentos ao caso. Em seu requerimento, Brito afirma que, mesmo a linha telefônica não estando no nome do deputado acusado, era ele quem efetivamente fazia uso do número. Como prova, o petista adicionou uma série de imagens de conversas em que o usuário do telefone em questão é identificado como o parlamentar paraense.
O relator, contudo, defendeu o parecer: “Não foi nem o deputado Wlad que criou aquela imagem. Quem faz esse tipo de coisa é escória, mas não é o suficiente para condenar o parlamentar”, disse Souza. O requerimento ainda deverá ser analisado pelo Conselho de Ética na próxima reunião.