Com 84% de obra inconclusa, GDF quer reinaugurar MAB em abril
Prazo é questionado pelo MPDFT, que solicitou ao governo local novo cronograma de execução das reformas orçadas em R$ 9 milhões
atualizado
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Um dos símbolos do descaso com as políticas culturais do Distrito Federal nas últimas gestões, o Museu de Arte de Brasília (MAB) deve ser reinaugurado em abril de 2020, de acordo com o planejamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secult). Até agora, apenas 16% das obras estão concluídas, fato que levou o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) a cobrar do Palácio do Buriti o cronograma atualizado sobre a restruturação. O custo é de R$ 9 milhões, com recursos do Banco do Brasil.
De portas fechadas desde 2007, quando o próprio MP recomendou a suspensão das atividades devido aos riscos causados pela falta de manutenção, o acervo milionário do MAB teve de ser abrigado no Museu da República.
Em maio de 2017, o GDF ensaiou uma licitação para revitalizar o espaço, mas os recursos demoraram para cair nas contas do GDF. A gestão do ex-governador Rodrigo Rollemberg (PSB) chegou a anunciar a reabertura do local em setembro de 2018, prazo que não foi cumprido.
Pela situação de completo abandono, as intervenções tiveram de atingir a base estrutural do prédio. Uma das escadas de acesso aos andares foi demolida, pois não atendia as normas de acessibilidade e do Corpo de Bombeiros.
Corrimãos e guarda-corpos também estão sendo substituídos para atender as legislações sobre acessibilidade e segurança. Além disso, dois elevadores estão sendo instalados no local.
Segundo a Secretaria de Cultura, na próxima semana, será finalizada a extensão da laje da reserva técnica, espaço destinado à custódia e ao tratamento técnico e físico do acervo do equipamento cultural. Com isso, o MAB ocupará mais de 5 mil m² de área construída, 200 a mais do que o projeto original.
Fotovoltaico
A quantidade de modificações acendeu a luz amarela na 1ª Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e Patrimônio Cultural (1ª Prodema), que realizou vistoria no local recentemente.
“Segundo ficou constatado durante a vistoria e conforme informação obtida no local, o prazo de término da obra, previsto para o dia 1° de abril de 2020, provavelmente, não será cumprido, tendo em vista tratar-se de reforma em edificação com características peculiares e específicas”, registra o relatório do MP. Para cumprir o prazo divulgado, o GDF deve terminar, até abril, nada menos do que 84% dos trabalhos.
“Ainda conforme informou o mestre de obras, por esse motivo, paralisações são necessárias para encontrar soluções técnicas e estéticas que respeitem as peculiaridades e características originais da edificação, e para atender as normas relativas à conservação do acervo”, continua.
A Secult destaca que o museu adotará o sistema fotovoltaico, de aproveitamento de luz solar. “Assim, o MAB, assinado por Oscar Niemeyer em 1960 e construído segundo os padrões da arquitetura moderna, com predominância de vãos livres, será o primeiro museu de Brasília com energia renovável e sustentável. A medida não deixa de ser uma renovação do espírito modernista da cidade no seu aniversário de 60 anos”, pontuou a pasta.
Veja trecho do relatório do MP: