Caixas térmicas quebradas podem comprometer qualidade de vacinas no DF
Servidores da Rede de Frio solicitam retomada de processos para compra de novos reservatórios para transporte das vacinas da secretaria
atualizado
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Servidores do Núcleo da Rede de Frio reivindicam a retomada do processo para compras de caixas térmicas usadas para o transporte e aplicação de vacinas, incluindo as de Covid-19. Documento obtido pelo Metrópoles revela que grande parte desses compartimentos está quebrada, muitas vezes sem alça e com riscos para manutenção da temperatura necessária para armazenamento dessas fórmulas.
O despacho foi assinado na última terça-feira (27/4) pela chefia do setor que integra a Secretaria de Saúde e nas vésperas do anúncio das novas remessas de imunizantes do Ministério da Saúde para o Governo do Distrito Federal (GDF), incluindo as doses da Pfizer – imunizante o qual necessita a manutenção de temperaturas mais baixas para a real eficácia.
“As caixas térmicas deste Núcleo de Rede de Frio estão em uso há aproximadamente dez anos, se encontram impróprias para o transporte de imunobiológicos, pois a maioria está com rachaduras, sem tampa e sem alça, pois o último processo de aquisição ocorreu em 2010”, indica o documento.
De acordo com os funcionários do setor responsável por armazenar os imunizantes, a aquisição das caixas térmicas atenderia as condições de estocagem dos imunobiológicos existentes no Núcleo da Rede de Frio do Distrito Federal durante seu transporte para as diversas unidades de saúde no Distrito Federal.
“Além disso, as condições de armazenamento dos imunobiológicos nos pontos de entrega, não somente durante o atendimento de rotina aos cidadãos, mas também nos postos de vacinação implementados ao longo das campanhas de vacinação previstas no calendário anual e, em alguns casos, são organizadas emergencialmente e em eventos externos, tais como: vacinação em feiras, órgãos públicos, empresas privadas e outros”, relata o texto.
Veja o documento:
Temperatura
Os técnicos alertam ainda que a alteração da temperatura de conservação pode comprometer a potência imunogênica da vacina. As caixas térmicas para transporte de imunobiológicos do Programa Nacional de Imunizações (PNI) devem dispor de condições adequadas de refrigeração, desde o laboratório produtor até o momento em que a vacina é administrada.
“O objetivo final do NRF é assegurar que todos os imunobiológicos administrados mantenham suas características iniciais, a fim de conferir imunidade, haja vista que são produtos termolábeis, isto é, se deterioram depois de determinado tempo quando expostos a variações de temperaturas inadequadas à sua conservação”.
Recentemente, o GDF promoveu um treinamento com os responsáveis técnicos das salas de vacina e núcleos de redes de frio regionais. A capacitação tem por objetivo preparar os servidores para o correto manuseio das vacinas e aprimorar as condições de armazenamento, apresentação, preparo e via de administração da vacina, e eventos adversos.
Segundo a chefe do Núcleo da Rede de Frio, Tereza Luiza, “a expectativa da pasta é ampliar os grupos prioritários e conseguir avançar na vacinação, reduzindo assim a hospitalização e os óbitos”.
O frasco da Vacina Pfizer/BioNTech contém seis doses. O intervalo entre a primeira e a segunda dose é de 21 dias. De acordo com estudos realizados sobre o imunizante, a vacina garante 85% de eficácia já na primeira dose. No entanto, é necessário completar o esquema vacinal com duas doses.
O que diz a Secretaria de Saúde
Procurada, a Secretaria de Saúde informou que a Rede de Frio Central abriu em 2018 processo de compra para aquisição de caixas térmicas de 60 litros para transporte de imunobiológicos, pois as utilizadas já apresentavam alguns desgastes, como falta de alguma alça.
“No entanto, os dois últimos pregões eletrônicos que já foram realizados: em 13/06/2018 e outro em 30/03/2021, também restaram fracassados por preço”.
Contudo, de acordo com a pasta, em março a AMBEV realizou uma doação à Rede de Frio Central de 20 caixas de 60 litros e 20 caixas de 50 litros, em que foi possível substituir as 30 caixas desgastadas existentes na Central.
“Portanto, todas as caixas em uso hoje estão em perfeitas condições, sem qualquer comprometimento da vacinação contra a Covid-19 que está em andamento e ainda estão sendo usadas para transporte dos demais imunobiológicos”.