Após saída de médica antivax, UnB exalta a “ciência e a democracia”
Coordenadora do Curso de Medicina não tomou as vacinas e disse defender “liberdades individuais” ao questionar eficácia das fórmulas
atualizado
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A Universidade de Brasília (UnB) defendeu, nesta sexta-feira (28/1), “a ciência e a democracia” após a coordenadora da Faculdade de Medicina, Selma Kuckelhaus, ter pedido o desligamento da função no dia em que a instituição aprovou a cobrança do passaporte da vacina para acesso aos campi universitários. A docente não tomou nenhuma dose dos imunizantes contra a Covid-19.
Coordenadora de Medicina se desliga após UnB cobrar passaporte vacinal
Na nota encaminhada ao Metrópoles, a UnB reafirmou a decisão baseada nas orientações das autoridades sanitárias, tomada sem votos contrários. A nova medida passa a valer a partir de 11 de fevereiro.
“A Universidade de Brasília permanece guiada pela ciência e a democracia, preservando vidas. No cumprimento de sua missão, a UnB orienta que, além da adoção dos protocolos de segurança, toda a população esteja vacinada”.
A principal universidade da capital federal também explicou que o desligamento dos cargos de coordenação, por decisão individual, é previsto dentro do regimento da entidade.
“A indicação de docentes aos cargos de coordenação de cursos da UnB diz respeito à organização interna das unidades acadêmicas, sendo assim decidida por seus conselhos e colegiados específicos. O docente em cargo de coordenação de curso pode deixar a função por decisão própria, respeitadas as determinações do regimento interno de sua unidade”, frisou.
Entenda o caso
Na última quinta-feira (28/1), a então coordenadora da Faculdade de Medicina, Selma Kuckelhaus, divulgou um comunicado público para comunicar o desligamento da função. A decisão ocorreu horas após a Universidade de Brasília aprovar, por unanimidade, a cobrança do passaporte sanitário para acessar áreas cobertas e fechadas da instituição.
Em comunicado compartilhado aos integrantes do curso, a professora afirmou não ter tomado nenhuma dose do imunizante e, por isso, acabou ficando “em desacordo com a gestão da faculdade”.
UnB aprova cobrança de passaporte da vacina para acesso à universidade
“Torno pública a minha decisão, devidamente formalizada ao diretor da FM nesta data, de me desligar da coordenação da graduação do curso de medicina. Tal decisão foi motivada pela recente implantação do passaporte sanitário na Faculdade de Medicina, que hoje foi aprovada pelo CAD para toda a comunidade universitária”, iniciou.
“Assim, e considerando que componho o grupo de servidores não vacinados, a minha posição como coordenadora ficou em desacordo com a gestão da faculdade”, afirmou.
“Liberdades individuais”
Autodeclarada “árdua defensora das liberdades individuais”, a professora afirmou ser “sensível ao momento pandêmico vivenciado”, mas colocou em dúvidas as fórmulas já testadas e aprovadas pelas autoridades sanitárias do país e referendadas pelo Ministério da Saúde.
“É sabido que as vacinas estão em desenvolvimento e, nessa fase, tanto a segurança quanto a eficácia suscitam inúmeros questionamentos. Para além disso, as vacinas disponíveis não impedem a infecção e tampouco o contágio, como demonstrado pelos inúmeros casos de infecção de indivíduos vacinados”, sublinhou
Veja a nota da UnB:
“A ampliação da exigência do comprovante de vacinação contra covid-19 em todas as edificações da Universidade de Brasília (UnB) foi uma decisão do Conselho de Administração (CAD) da instituição. A medida foi aprovada sem votos contrários, em reunião realizada nesta quinta-feira (27) e passa a valer a partir do dia 11 de fevereiro.
A indicação de docentes aos cargos de coordenação de cursos da UnB diz respeito à organização interna das unidades acadêmicas, sendo assim decidida por seus conselhos e colegiados específicos. O docente em cargo de coordenação de curso pode deixar a função por decisão própria, respeitadas as determinações do regimento interno de sua unidade.
A Universidade de Brasília permanece guiada pela ciência e a democracia, preservando vidas. No cumprimento de sua missão, a UnB orienta que, além da adoção dos protocolos de segurança, toda a população esteja vacinada.”
Leia a carta da médica na íntegra:
“Prezados professores, técnicos e estudantes,
Torno pública a minha decisão, devidamente formalizada ao diretor da FM nesta data, de me desligar da coordenação da graduação do curso de medicina.
Tal decisão foi motivada pela recente implantação do passaporte sanitário na Faculdade de Medicina, que hoje foi aprovada pelo CAD para toda a comunidade universitária. Assim, e considerando que componho o grupo de servidores não vacinados, a minha posição como coordenadora ficou em desacordo com a gestão da faculdade.
Em acréscimo, declaro que sou sensível ao momento pandemico vivenciado por todos nós, bem como às soluções criadas para o cuidado dos pacientes. Dentre essas, é sabido que as vacinas estão em desenvolvimento e, nessa fase, tanto a segurança quanto a eficácia suscitam inúmeros questionamentos. Para além disso, as vacinas disponíveis não impedem a infecção e tampouco o contágio, como demonstrado pelos inúmeros casos de infecção de indivíduos vacinados
Diante do exposto, entendo ser uma incongruência a imposição do passaporte sanitário, desconsiderando os indivíduos que se recuperaram da infecção pela Covid-19 e que possuem imunidade natural, bem como aqueles que não sentem segurança nas vacinas disponíveis e julgam que o risco supera o benefício. Além disso, sou árdua defensora das liberdades individuais.
Declaro a todos que sou muito grata à gestão da FM pela confiança depositada a mim, bem como pelo amplo aprendizado adquirido ao longo dos últimos 3 anos. Minha gratidão a todos os professores, servidores técnicos da secretaria de graduação e direção, bem como aos estudantes.
Com votos de que haja pacificação e bom senso na tomada das decisões pelos gestores da universidade, me coloco à disposição para auxiliar a todos na medida das minhas habilidades.
Graça e paz a todos!
Profa. Selma Kuckelhaus
MOR/FM/UnB”