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Após impasses, PSB desiste de lançar mulher trans à Câmara federal

Paula Benett seria a primeira candidata transgênero ao Congresso pelo DF, até a decisão do partido de agradar a outras siglas coligadas

atualizado

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Acervo/OAB-DF
Mulher fala em microfone
1 de 1 Mulher fala em microfone - Foto: Acervo/OAB-DF

Mesmo após investidas em prol de Paula Benett (PSB) ser a primeira mulher transexual a disputar uma cadeira pelo DF na Câmara dos Deputados, o PSB afirmou que ela não terá legenda. A informação foi dada nesta segunda-feira (13/8) ao Metrópoles pelo presidente regional da sigla, Tiago Coelho. Caso confirmada, Paula Benett seria a primeira trans a ser candidata pelo partido em 70 anos de história.

“Ela [Paula] tem uma importância muito grande para todos nós, mas nessa matemática, correríamos o risco de não eleger ninguém. Foi uma decisão de consenso dos cinco partidos. Ela já havia sido informada que não seria candidata a federal, e a decisão será reiterada. Caso ela aceite, será muito bem-vinda como candidata a distrital”, afirmou.

A novela que envolve Paula começou a partir da formatação da aliança em torno do projeto de reeleição do governador Rodrigo Rollemberg (PSB). Para atrair legendas de apoio, os socialistas ofereceram como contrapartida vagas nas coligações, divididas por partidos. Nesse cenário, o PSB ficou com apenas duas das 16 candidaturas – garantidas à ex-governadora Maria de Lourdes Abadia e ao ex-secretário das Cidades Marcos Dantas.

O afunilamento fez com que várias candidaturas socialistas fossem rifadas, inclusive a de Paula. A decisão foi oficializada no último dia 10. Contudo, a ativista LGBT nutria esperanças de que alguma das cinco siglas da coligação abrisse mão de uma das vagas em prol do projeto dela.

A Rede chegou a desistir de uma candidatura, de maneira favorável à intenção coletiva da aliança, o que reascendeu o otimismo de Paula. No entanto, a vaga foi direcionada ao professor Gadelha, liderança do PDT em Ceilândia.

Para Pedro Ivo, coordenador da Rede, o trabalho de Paula merece total atenção, mas a sigla já havia deixado de contemplar outros filiados. “Nós tínhamos 14 candidaturas, mas desistimos para seis. Antes da aliança, estávamos preparados para sairmos sozinhos. Mas, como houve um apelo dos cinco partidos, baixamos para seis legendas. Foi uma decisão da chapa, e a maioria dos integrantes direcionou a vaga para o PDT.”

“Decepcionada”
Paula Benett comemorava o fato de ser a primeira mulher trans a ter a oportunidade de pedir votos aos brasilienses para a Câmara dos Deputados. Apesar disso, agora terá de decidir se seguirá com o projeto para a Casa legislativa do DF.

“Lutei bravamente pela pauta e por tantas vozes que eu represento, mas há coisas que não estão ao nosso alcance. Fico muito triste com a decisão e até um pouco decepcionada, porque eu esperava que haveria uma luta de todos os envolvidos para termos essa representatividade na chapa. É lamentável, mas seguirei o caminho que eu enxergo como missão”, disse.

Segundo ela, a mudança para um projeto distrital refletirá em reorganização do trabalho já feito. “Há pessoas LGBT morrendo e sendo excluídas. Como federal, eu poderia levar para o Brasil o trabalho que realizamos no DF. Como distrital, contudo, terei que começar do zero”, disse.

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